O coronel Marcelo Casimiro Vasconcelos Rodrigues afirmou que o coronel Paulo José Ferreira de Sousa, ambos da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF), teria deixado aberta a entrada para a Esplanada dos Ministérios um dia antes dos atos golpistas que culminaram na invasão e depredação dos prédios dos Três Poderes, em Brasília, em 8 de janeiro.
"Esse foi um ajuste feio pelo comando da corporação. Recebi essa orientação via Departamento Operacional, [pelo] coronel Paulo José. Foi um ajuste feito em reunião da Secretaria de Segurança. Inclusive, me parece, não tenho certeza, que houve uma reunião no sábado, que eu não participei", disse Rodrigues durante sessão da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Atos Antidemocráticos na Câmara Legislativa do DF, nesta segunda-feira (5).
Na data dos atos golpistas, o coronel Paulo José estava como interino do Departamento de Operações (DOP) da PMDF, substituindo o coronel Jorge Eduardo Naime, que estava de folga. Após o protesto criminoso, Naime foi preso e permanece em regime fechado.
PF quebra sigilo de celular de assessor de Lira
A Operação Hefesto da Polícia Federal (PF), que investiga fraudes em contratos de compra de equipamentos de robótica para escolas em Alagoas, descobriu que Luciano Cavalcante, ex-assessor do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), participava de um grupo de WhatsApp denominado "Robótica Gerenciamento", após quebra de sigilo em seu celular. A informação é da Folha de S. Paulo.
Cavalcante pediu demissão do cargo que ocupava na liderança do PP na Câmara nesta segunda-feira (5). A suspeita é que ele e sua esposa foram beneficiados com os recursos desviados do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), de onde saíam os valores para a compra de equipamentos de robótica, durante o governo de Jair Bolsonaro (PL).
:: Kits de Robótica, que são alvo da PF, foram comprados por Lira com emenda do orçamento secreto ::
As investigações da PF apontam que o empresário Edmundo Catunda repassou R$ 550 mil à Construtora EMG, que levantou a residência de Luciano Cavalcante. Catunda é sócio da empresa Megalic, que ganhou as licitações de kits de robótica para escolas de municípios em Alagoas. Roberta Lins Costa Melo, sócia da Megalic, também estava no grupo "Robótica Gerenciamento".
A PF também descobriu que a empresa Megalic e Edmundo Catunda repassaram valores expressivos para Pedro Magno Salomão Dias e Juliana Cristina Batista. Segundo a PF, a "hipótese aventada aqui é que o casal Pedro e Juliana sejam especializados na prática de crimes de lavagem de capitais, ocultando e dissimulando bens, direitos e valores provenientes de desvios de recursos públicos das mais variadas naturezas e oriundos de diversos entes públicos, possibilitando o retorno do capital aos autores dos delitos antecedentes, com alguma aparência de licitude".
Pedro e Juliana, por sua vez, foram fotografados pela PF supostamente entregando dinheiro vivo a Wanderson Ribeiro Josino de Jesus, motorista de Luciano Cavalcante. "Pelas imagens, é possível perceber que os investigados permanecem no interior do veículo (...) por menos de 1 minuto. Neste momento, segundo o relato do policial, é possível afirmar que Pedro Magno deixa 'pacotes de dinheiro' no porta-luvas do veículo Corolla preto." Momentos depois, o motorista teria se dirigido a um apartamento em que estava Cavalcante.
Nesse mesmo dia, a PF afirma que houve uma troca de mensagens intensa entre Pedro e Luciano pelo WhatsApp. "No mesmo sentido, a análise dos dados telemáticos de WhatsApp identificou que Luciano Cavalcante e Pedro Magno trocaram a quantidade de 83 mensagens no curto período entre 09/05/2023 e 21/05/2023", diz o relatório da PF.
Toffoli mantém no STF investigação sobre acusações de Tony Garcia contra Moro
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Dias Toffoli manteve na Corte as investigações sobre as acusações do empresário e ex-deputado estadual Antônio Celso Garcia, conhecido como Tony Garcia, contra o ex-juiz Sergio Moro e procuradores da Operação Lava Jato.
Ao confirmar a jurisdição sobre o caso, o magistrado também determinou a suspensão de todos os processos nos quais Garcia é parte na Justiça Federal do Paraná e no Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4).
Recentemente, em entrevista à Folha de S. Paulo, Garcia alegou que teria sido obrigado por procuradores e pelo ex-juiz federal Sergio Moro a gravar pessoas ilegalmente depois de aceitar um acordo de delação premiada, em 2004.
"Eu fui um agente infiltrado deles", disse Garcia em entrevista à Folha de S. Paulo. "Eles [procuradores] me obrigaram a andar com dois telefones deles com microfone aberto. Foi assim que eu gravei o [advogado] Roberto Bertholdo, um monte de gente, para eles. Quando eles pegavam conversas que interessavam, eles levavam ao Moro e ele esquentava as conversas. Fazia como se tivesse autorização judicial, com data retroativa."
Garcia disse que levou as supostas ilegalidades ao conhecimento da juíza federal Gabriela Hardt em 2021, mas que a magistrada não teria tomado nenhuma providência. O conteúdo teria sido encaminhado ao Supremo Tribunal Federal (STF) somente em abril deste ano por decisão do juiz Eduardo Appio.
Nesta segunda-feira (5), Hardt entrou com uma representação criminal contra Tony Garcia por crime contra a honra. A juíza também deixou o caso ao se declarar suspeita para julgar os casos em que o delator é parte.
Tony Garcia foi preso pela Polícia Federal em 2004, sob a acusação de gestão fraudulenta do Consórcio Nacional Garibaldi. No mesmo ano, o empresário assinou o acordo de delação premiada.
STF absolve ministro da Integração de Lula
A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) absolveu o ministro de Integração e Desenvolvimento Regional, Waldez Góes, de uma acusação de desvio de valores de empréstimos consignados de servidores públicos, nesta terça-feira (6).
Em 2019, enquanto governador do Amapá pelo PDT, ele havia sido condenado pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) a seis anos e nove meses de prisão em regime semiaberto por peculato. De acordo com a acusação, os valores eram descontados das folhas de pagamento e utilizados para bancar despesas do próprio governo.
Agora, o ministro Alexandre de Moraes afirmou que "o acusado não teria repassado os valores retidos dos salários dos servidores ao legítimo destinatário (instituição financeira), mas utilizou os valores para atender outras prioridades públicas". O voto do magistrado foi seguido por Luiz Fux e Luís Roberto Barroso.
Podemos vai ao STF contra suplente do PL para vaga de Deltan
O Podemos questionou no Supremo Tribunal Federal (STF) a decisão do Tribunal Regional Eleitoral do Estado do Paraná (TRE-PR) que deu a vaga do ex-deputado federal Deltan Dallagnol (Podemos-PR) a um congressista do PL, o pastor evangélico Itamar Paim (PR).
:: Saiba quem é o pastor Itamar Paim, que assumirá vaga deixada por Dallagnol na Câmara ::
Em 17 de maio, o TRE-PR determinou a vaga à Paim porque a votação nominal dos candidatos do Podemos no Paraná não atingiu 10% do quociente eleitoral. O pastor teve 47.052 votos nas eleições de 2022.
O partido alega que uma decisão unânime do STF de fevereiro deste ano dispensou a necessidade de votação nominal mínima para a suplência de vereadores e deputados federais e estaduais. Por isso, afirmou que Luiz Carlos Hauly "tem o direito de exercer seu mandato em razão da vontade popular externada nas urnas" por ter sido o segundo candidato mais votado pelo partido no Estado e diplomado como suplente de Deltan Dallagnol.
Hauly "possui legitimidade para assumir o cargo na vaga aberta pelo indeferimento do registro de candidatura de seu correligionário, por configurar como o segundo candidato mais votado do Partido Podemos, estando apto a exercer o cargo de deputado federal, dispensando-se do cumprimento da cláusula de desempenho individual dos candidatos", disse a sigla.
Agente da PF afirma que colocou grampo em cela de Youssef
Um agente da Polícia Federal (PF) disse em depoimento à corporação que instalou ilegalmente um gravador na cela do doleiro Alberto Youssef por ordem de um então delegado da Operação Lava Jato, segundo apuração da CNN Brasil. A ordem teria sido dada também a outros agentes em 2014.
Um relatório da Corregedoria da PF mostrou que foram captadas 12 horas de conversas entre Youssef e outros presos. Também teriam sido grampeados Carlos Alberto Pereira da Costa, Carlos Alexandre de Souza Rocha e Nelma Kodama. O doleiro chegou a denunciar, em 2014, que foi grampeado, mas a Lava Jato negou.
Edição: Nicolau Soares