O político e empresário italiano Silvio Berlusconi morreu nesta segunda-feira (12), aos 86 anos, de leucemia, após três dias internado. O funeral está marcado para quarta-feira (14), no Duomo de Milão, com honras de Estado.
Fundador do Força Itália, partido de centro-direita que integra a base de sustentação do governo de Giorgia Meloni, de ultradireita, Berlusconi era uma das figuras públicas mais conhecidas da Itália. Foi quatro vezes primeiro-ministro (1994-95, 2001-05, 2005-06 e 2008-11), cinco vezes deputado, duas vezes senador e duas vezes membro do Parlamento Europeu. Sua morte foi lamentada por diversos líderes internacionais. Políticos e veículos de comunicação a definiram como o fim de uma era na política italiana.
Na primeira metade dos anos 1990, a Operação Mãos Limpas, ao combater um esquema de corrupção gigante, abalou os partidos políticos mais tradicionais do país. Foi nesse contexto que Berlusconi entrou na política, apresentando-se como uma pessoa antissistema, antipolítica; o moderno contra o antigo; um novo tipo de populismo. Na primeira eleição, tornou-se primeiro-ministro.
Além de cargos e influência, sua biografia é também um acúmulo de frases sexistas e racistas, festas indecorosas — as famosas "bunga bunga" — e processos judiciais. Sua última vitória eleitoral — para o Senado, em setembro de 2022 — o reabilitou de um ostracismo político de nove anos, desde 2013, quando havia perdido o mandato de senador e ficado inelegível devido a uma condenação por fraude fiscal. Ao todo, Berlusconi foi réu em mais de 30 processos, não só por corrupção mas também por acusações de outros aspectos, como prostituição infantil.
Considerado um populista da direita conservadora, Berlusconi se colocava no passado recente como uma voz moderada diante da ultradireita, que chegou ao poder com discursos nacionalistas e outras bandeiras típicas. Durante a pandemia de covid-19, por exemplo, alertou para o perigo do vírus e incentivou a vacinação.
Problemas de saúde
Sua morte ocorreu após uma série de problemas de saúde nos últimos anos. Em 1997, teve um tumor maligno extraído da próstata. Em 2016, foi submetido a uma cirurgia cardíaca. Em 2020, teve pneumonia, decorrente da covid. Em 2022, infecção urinária. E em abril último, foi internado com infecção pulmonar decorrente da leucemia, quando já demonstrava dificuldade para andar.
Fortuna
Além da atual companheira, a deputada Marta Fascina, 33, ele deixa cinco filhos. A primogênita Marina, 57, é presidente do grupo Fininvest, que controla os negócios da família: emissoras de TV na Itália e em outros países europeus, uma editora e o clube de futebol Monza — antigamente, foi também dono do Milan. Segundo a Forbes, a família Berlusconi é a quarta mais rica do país, com patrimônio de US$ 6,9 bilhões (R$ 33,7 bilhões).
Herança política
Marta Fascina, a quem Berlusconi chamava de “esposa”, embora não fossem casados — namoravam desde 2020 — assumiu de certa forma as rédeas do Força Itália, substituindo na gestão da legenda Licia Ronzulli, que por anos fora a mulher mais poderosa do círculo íntimo do ex-primeiro ministro. Existe uma expectativa que Fascina vai assumir a herança política de Berlusconi, segundo artigos publicados na imprensa italiana.
* Com informações do Corriere della Sera e da Folha de S.Paulo.