O mês de junho chegou e com ele a energia contagiante do São João e a valorização da cultura nordestina. Durante as festividades juninas, as aulas de forró ganham ainda mais destaque e são oferecidas em diversos locais, como escolas de dança, centros comunitários e espaços culturais.
O gênero é tão forte que as aulas de dança do ritmo se tornam grandes demandas durante essa época do ano. E em Petrolina, no sertão de Pernambuco, a professora de dança Débora Moura é uma verdadeira apaixonada pelo forró. Natural de Recife, ela se tornou uma referência nas aulas de forró no interior do estado.
Como professora de dança de salão há 16 anos, Débora compartilha o amor pelo ritmo junino em suas aulas. “O forro chega na minha vida desde os 6 anos, em Serra Talhada, porque minha mãe viajou e morou em várias cidades do interior por causa de trabalho, e eu tomei forró na veia”, brinca a professora.
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Para ela, o forró é parte da sua identidade. “Faz parte de tudo que eu sou, de toda construção de identidade que eu tenho e de tudo que eu passo para as pessoas que eu lido, para os meus alunos. Eu acredito que quando a gente dança um forró a gente dança a nossa vida, então é isso que eu trato dentro das minhas aulas e é assim que eu levo forró pra pessoas, o que torna bem mais fácil o aprendizado”, diz Débora.
Assista:
Forró sem Assédio
Entre maio e junho, a demanda pelas aulas de forró aumenta consideravelmente, já que as pessoas querem se preparar para aproveitar ao máximo as festas da região. Percebendo a complexidade dos alunos, Débora resolveu criar uma espécie de Manual de Etiqueta do Forró com dicas valiosas para quem não sabe como chamar a dama para dançar.
Débora diz que a ideia surgiu de experiências pessoais. “Eu comecei a observar que havia uma deselegância ao convidar a mulher para dançar, sabe? Já teve homem em festa que falou assim para mim: ‘Vamo dançar!’ [puxando o braço] e eu disse ‘Calma, não quero dançar agora’… ‘Então você tá aqui por que!?’”
A professora fala do manual: “Então desenvolvi um manual com 14 dicas, que são primordiais para chamar uma mulher para dançar, como por exemplo: ir até a mesa, perceber se ela está dançando com as amigas, se ela está no celular: não dá certo, é melhor esperar… ou então se ela fala muito virada, de repente naquele momento ela não quer ser abordada”, exemplifica.
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Quem abraçou essas dicas foi o aluno José Ailton, que procurou as aulas de Débora não só para aprender a dançar, mas também para perder a timidez. Seguindo as dicas do manual, Ailton é um praticante do “Forró sem Assédio”.
Ele relata que as aulas melhoraram inclusive o relacionamento com a esposa, com que pratica as aulas. “Quando ela me ensinou aquele “olhe para esposa” isso fez parte da minha vida, porque eu só pensava em trabalhar e nunca olhei para a minha esposa. Só ia trabalhar e nunca olhei para a minha esposa, para ir para uma festa, para aprender, e isso vai ficar gravado para o resto da minha vida”, relata o aluno.
Dançando sozinho ou acompanhando, o forró faz parte da cultura nordestina e na dança que celebra o abraço, o importante é festejar o São João, mas com muito respeito. Para conhecer mais o trabalho da professora Débora Moura, acesse as redes @umpontodedanca.
Fonte: BdF Pernambuco
Edição: Vanessa Gonzaga