A vice-presidenta da Venezuela, Delcy Rodríguez, participou nesta quinta-feira (15) do Foro Econômico Internacional que ocorre em São Petesburgo, na Rússia. Rodríguez destacou o papel do Brics na economia mundial e falou sobre a possibilidade de realizar transações petroleiras em outras moedas que não sejam o dólar.
"Por que devemos negociar no mercado petroleiro só com uma moeda que apenas representa um quinto do total do comércio internacional de energia?", questionou.
::O que está acontecendo na Venezuela::
A vice-presidente citou como exemplo as declarações dadas pelos presidentes Nicolás Maduro e Luiz Inácio Lula da Silva (PT) durante a visita do mandatário venezuelano ao Brasil, na qual ambos cogitaram criar iniciativas para escapar da hegemonia do dólar.
"Começamos a ver países árabes, países do Golfo, que começam a vender seu petróleo e seu gás em moedas distintas ao dólar", afirmou.
::Com Maduro, Lula critica sanções dos EUA contra Venezuela e defende expansão do Brics::
Rodríguez também classificou como uma "tarefa fundamental" a criação de "novos canais de pagamentos diferentes da rede criada pelo SWIFT estadunidense" — o sistema de transações parou de funcionar na Rússia em represália do Ocidente após o início da guerra na Ucrânia. Por isso, Moscou e Pequim começaram a sugerir a possibilidade de utilizar mecanismos alternativos.
Sanções e pagamentos
Desde que os EUA endureceram as sanções contra a indústria petroleira da Venezuela, o país enfrenta diversas dificuldades para receber e realizar pagamentos no exterior.
O bloqueio de contas internacionais relacionadas a negociações que envolvem a PDVSA, empresa estatal venezuelana, se tornaram ainda mais frequentes e obrigaram Caracas a buscar formas alternativas de pagamentos, como o uso de criptomoedas ou o envolvimento de terceiros nas transações.
::Qual a relação do bloqueio com as suspeitas de corrupção na estatal petroleira da Venezuela::
As sequelas desses obstáculos vieram à tona nos últimos meses quando o Ministério Público venezuelano começou a investigar um suposto escândalo de corrupção na PDVSA. Segundo as autoridades, um grupo de funcionários da empresa teria desviado verbas provenientes de recursos petroleiros e comprado criptoativos para ocultar a origem desses fundos.
Edição: Thales Schmidt