A ganância do ser humano tem que ter limite. E o limite é o bem-estar do restante da sociedade
Em seus discursos, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem defendido a compatibilidade entre o desenvolvimento e a preservação ambiental. O tom foi repetido nesta segunda-feira (19), na segunda edição da live "Conversa com o Presidente", promovida pela comunicação do governo.
"A ganância do ser humano tem que ter limite. E o limite é o bem-estar do restante da sociedade", criticou ao afirmar que teve conhecimento de um projeto para construção de gasoduto em área da Mata Atlântica.
Na conversa, o petista ainda lembrou o compromisso de desmatamento zero até 2030 e defendeu que a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, a COP30, em Belém, será uma oportunidade para que o mundo conheça de perto a realidade amazônica. O evento acontecerá em 2025.
"As pessoas tanto falam da Amazônia no mundo inteiro, agora vão falar da Amazônia dentro da Amazônia. Vão conhecer o Rio Amazonas, o Rio Tapajós, vão conhecer nossas florestas, vão conhecer como vivem os povos indígenas e ribeirinhos, para aí começarem a discutir com base na realidade", disse.
Lula ainda prestou solidariedade às vítimas fatais do ciclone que atingiu os estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina, sugerindo a reflexão dos governantes sobre a frequência com que esses tipos de desastres vêm acontecendo.
"Isso é um aviso à humanidade e aos governantes: nós estamos ferindo o planeta. Se a gente não tomar cuidado, se a gente não cuidar da nossa água, de nossas florestas, se a gente não evitar emissões de gases do efeito estufa, se a gente não cuidar do ar que nós respiramos, estamos nos condenando ao fim", alertou.
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Polêmica
A questão ambiental, porém, também é motivo de polêmica para o governo federal. O debate sobre a possibilidade de exploração de petróleo na bacia da Foz do Amazonas sugere mais complexidade para a equação desenvolvimento e sustentabilidade.
Em entrevista ao Brasil de Fato, o biológo e especialista em biologia marinha Vinicius Nora afirma que é preciso repensar o modelo de desenvolvimento do Brasil. Ele atua como gerente de Clima e Oceanos no Instituto Internacional Arayara e é mestre em ecologia.
"A própria Petrobras tem outros cinco blocos nessa região e há outras empresas, que também estão interessadas, com licenciamento andando. Algumas pessoas quererem reduzir a discussão a um ponto fixo. Estamos falando o maior estuário do mundo. A costa amazônica não é um lugar qualquer", alerta Vinícius, em entrevista veiculada no Bem Viver.
O biólogo pontua que milhões de pessoas e uma infinidade de espécies da flora e da fauna dependem da foz do Rio Amazonas e do Oceano Atlântico nesta faixa equatorial. O encontro entre os dois acontece em território brasileiro, mas o resultado desse encontro influencia territórios que vão até o Caribe.
Contando a própria história
Além das complexidades na questão ambiental, a edição do Bem Viver desta terça-feira (20) também destaca o trabalho da Ororubá Filmes, realizada por jovens do povo Xukuru de Ororubá, de Pesqueira (PE). A experiência de etnomídia tem a proposta de construir narrativas audiovisuais próprias, favorecendo ancestralidades.
Etnomídia: a comunicação própria se tornou estratégia para ampliar as vozes e viabilizar direitos entre os indígenas / Reprodução
Com o lema "Utilizando o que tem de moderno, para fortalecer o que tem de ancestral", a Ororubá Filmes demonstra o porquê de a realização da juventude indígena Xukuru de Ororubá ser tão precursora no Brasil. O co-fundador, Diego Xukuru, conta que a ideia parte de ter entendimento do audiovisual como uma ferramenta de luta não só para o seu povo.“Também para os todos os indígenas do Nordeste, do Brasil e também para os movimentos sociais em geral”.
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O motivo, segundo ele, é que “as grandes mídias sempre favorecem e mostram o diálogo do que é de interesse dela, do ‘sistema’. E muitas vezes a realidade de cada povo indígena nunca foi mostrado como deveria ser. Daí saiu a importância de cada povo ter onde contar sua história”, afirma.
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Edição: Daniel Lamir
