O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) considerou "uma nova etapa da criminalização" a convocação do economista João Pedro Stedile para prestar depoimento na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga as atividades do Movimento na Câmara dos Deputados.
Em nota oficial divulgada nesta quarta-feira (21), o MST lembra que a convocação de Stedile, integrante da Coordenação Nacional do Movimento, foi feita por parlamentares ligados aos ruralistas e ao bolsonarismo. O texto lembra que o economista é reconhecido em todo o mundo como referência nas discussões sobre a questão agrária e o combate às injustiças sociais.
"A CPI do MST, cada vez mais, tem se revelado uma cortina de fumaça para tentar apagar os crimes e o triste legado de destruição ambiental, assassinatos no campo e ódio de classe do bolsonarismo", afirma a nota do movimento.
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A maioria dos integrantes da CPI aprovou na quarta-feira (20) a convocação de Stedile e de José Rainha, ex-membro do movimento. Parlamentares governistas tentaram um acordo para que ambos fossem chamados na condição de convidados, mas os deputados alinhados ao ruralismo fizeram valer a superioridade numérica.
A oposição chegou a sinalizar que não entraria em obstrução caso a maioria aceitasse chamá-los como convidados, mas o diálogo não avançou. Segundo as regras da CPI, pessoas convidadas podem recusar participação, mas quem foi convocado não pode deixar de comparecer, a não ser em casos de decisões judiciais.
Deputados e deputadas defensores dos movimentos populares destacaram que Stedile e Rainha não se recusariam a comparecer à CPI e, inclusive, teriam interesse em debater com os demais congressistas sobre a questão da reforma agrária.
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"Essas pessoas sequer foram convidadas a prestar esclarecimentos. Eu tenho certeza que ambos têm condições de virem aqui. Nenhum dos dois tem perfil de fugir. Não vejo motivo para ter a postura de fazer convocação. A gente quer que tenha um bom debate. O instrumento do convite seria melhor", declarou a deputada Sâmia Bonfim (PSOL-SP), integrante da Comissão.
Confira abaixo a íntegra da nota divulgada pelo MST:
Convocação do João Pedro Stedile para CPI é mais uma etapa da criminalização contra o MST
Parlamentares ligados aos ruralistas e ao bolsonarismo deliberaram nesta terça-feira, 20 de julho, convocar o integrante da Coordenação Nacional do MST, João Pedro Stedile, para prestar depoimento na CPI.
As ações coletivas que reivindicam política pública de reforma agrária, são fruto das necessidades concretas das famílias Sem Terra e resultado de uma acintosa e secular concentração da propriedade da terra.
Economista, João Pedro é reconhecido mundialmente como uma referência e grande autoridade no tema da questão agrária no Brasil e do combate às injustiças sociais.
A CPI do MST, cada vez mais, tem se revelado uma cortina de fumaça para tentar apagar os crimes e o triste legado de destruição ambiental, assassinatos no campo e ódio de classe do bolsonarismo.
Ainda não há data para o depoimento do João Pedro Stedile e os requerimentos aprovados foram apresentados por parlamentares do União Brasil, PL e PP, partidos que estão na base de apoio do agronegócio e do bolsonarismo.
21 de junho de 2023, São Paulo – SP
Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra – MST
Edição: Nicolau Soares