Ancestralidade

Religação iorubá: livro apresenta a sociedade espiritual de Ègbé Orun

Com proposta didática, sacerdote Oluwo Adèlóná Isólá junta conhecimentos de teoria e prática na publicação

Ouça o áudio:

A publicação surgiu após viagem à Nigéria, estudo sobre o tema e práticas espirituais - Pedro Stropassolas
O livro não chega nem ser nem um resumo da grandeza que é Ègbè Orun

Apesar das buscas sobre o assunto crescerem apenas nos últimos anos, o culto a Ègbé Orun acontece há séculos no Brasil, de acordo com o sacerdote, professor e escritor Oluwo Adèlóná Isólá. De herança ancestral iorubá, a crença nos "pactos do céu" atravessaram o oceano atlântico, mas em um contexto histórico que rasgou parte de saberes e fazeres tradicionais no novo continente. 

"Eu penso que a 'sociedade do céu', Ègbé Orun, ficou talvez esquecida ou se perdeu no tempo. Ou as pessoas que sabiam dessa tecnologia ancestral morreram e não passaram nenhum conhecimento, não transmitiu nenhum conhecimento”, avalia o religioso em entrevista ao Bem Viver desta quinta-feira (22). 

:: Brasil retoma diplomacia com a África, exalta contribuições e estuda novos intercâmbios ::

Nas páginas do livro "Ègbé Orun: nossos amigos e familiares espirituais", lançado em maio, no Recife (PE), Oluwo Adèlóná Isólá pretende ajudar na religação da crença após séculos do abismo cultural criado pelas embarcações portuguesas, entre raízes tradicionais e novas relações de conhecimento na modernidade. 

“O Brasil está impregnado de reminiscências, de possibilidades que demonstram que esse culto [de Ègbè Orun] já esteve por aqui, e já foi praticado na nossa terra. E que esse culto de alguma forma foi sendo recriado através da tradição dos erês da umbanda, erês do candomblé, tambor de mina ou do culto de São Cosme e Damião”, aponta ao contextualizar um trânsito de religiões afroameríndias no Brasil.    


De acordo com o autor, a sociedade de Ègbé Orun é formada como um espelho da sociedade que conhecemos no plano material / Pedro Stropassolas

De acordo com o autor, que conheceu o culto na Nigéria, em 2014, a tarefa de registar o Ègbè Orun em um livro é forma de atender uma crescente busca pelo assunto nas redes sociais, com informações, de acordo com ele, nem sempre precisas ou confiáveis. Nas palavras de Oluwo Adèlóná Isólá, a escrita envolve um assunto complexo e exige uma pesquisa meticulosa. Entretanto, para o autor, a 'palavra escrita' é incapaz de dar conta de toda a riqueza presente na 'palavra falada', que está origem do  Ègbè Orun. 

"A tradição de Ifá, orixá, Ègbé Orun é oral. Todo o seu conhecimento foi passado e tem sido passado de forma oral. O livro não chega nem ser nem um resumo da grandeza que é Ègbé Orun. O livro é só um introito, uma forma de possibilitar às pessoas a se encontrar com esse culto no nosso país”, define. 

Na crença de Ègbè Orun, as pessoas no plano terrestre mantêm laços com amigos e familiares do plano espiritual, na busca de uma perspectiva de Bem Viver, com a celebração da vida como questão central.

“A sociedade Ègbé Orun é muito conhecida na Nigéria, na terra iorubá. Os iorubanos têm muita devoção à crença, porque eles acreditam que espíritos, ainda numa fase mais infantil, retornam ao céu, Orun, e são capazes de ajudá-los de alguma forma, de contribuir com a jornada da vida deles”, explica.

:: Ensino da história da África fortalece identidade de crianças negras, mas Estado ainda se omite ::

Para Oluwo Adèlóná Isólá, a religação com Ègbé Orun favorece a perspectiva de comunalidade, típica de diversas culturais dos povos do continente africano. 

"Distante dessas práticas modernas que são construídas para nos separar uns dos outros, para nos dividir, para nos colocar em lugares diferentes uns dos outros. A prática africana, em geral, e a prática iorubá, te convoca à comunalidade", afirma ao criticar a perspectiva do consumismo e exploração entre as pessoas. 


Emissoras de rádio podem se cadastrar para receber as edições do programa / Brasil de Fato

Sintonize

O programa Bem Viver vai ao ar de segunda a sexta-feira, das 11h às 12h, com reprise aos domingos, às 10h, na Rádio Brasil Atual. A sintonia é 98,9 FM na Grande São Paulo.  

Em diferentes horários, de segunda a sexta-feira, o programa é transmitido na Rádio Super de Sorocaba (SP); Rádio Palermo (SP); Rádio Cantareira (SP); Rádio Interativa, de Senador Alexandre Costa (MA); Rádio Comunitária Malhada do Jatobá, de São João do Piauí (PI); Rádio Terra Livre (MST), de Abelardo Luz (SC); Rádio Timbira, de São Luís (MA); Rádio Terra Livre de Hulha Negra (RN), Rádio Camponesa, em Itapeva (SP), Rádio Onda FM, de Novo Cruzeiro (MG), Rádio Pife, de Brasília (DF), Rádio Cidade, de João Pessoa (PB), Rádio Palermo (SP), Rádio Torres Cidade (RS); Rádio Cantareira (SP); Rádio Keraz; Web Rádio Studio F; Rádio Seguros MA; Rádio Iguaçu FM; Rádio Unidade Digital ; Rádio Cidade Classic HIts; Playlisten; Rádio Cidade; Web Rádio Apocalipse; Rádio; Alternativa Sul FM; Alberto dos Anjos; Rádio Voz da Cidade; Rádio Nativa FM; Rádio News 77; Web Rádio Líder Baixio; Rádio Super Nova; Rádio Ribeirinha Libertadora; Uruguaiana FM; Serra Azul FM; Folha 390; Rádio Chapada FM; Rbn; Web Rádio Mombassom; Fogão 24 Horas; Web Rádio Brisa; Rádio Palermo; Rádio Web Estação Mirim; Rádio Líder; Nova Geração; Ana Terra FM; Rádio Metropolitana de Piracicaba; Rádio Alternativa FM; Rádio Web Torres Cidade; Objetiva Cast; DMnews Web Rádio; Criativa Web Rádio; Rádio Notícias; Topmix Digital MS; Rádio Oriental Sul; Mogiana Web; Rádio Atalaia FM Rio; Rádio Vila Mix; Web Rádio Palmeira; Web Rádio Travessia; Rádio Millennium; Rádio EsportesNet; Rádio Altura FM; Web Rádio Cidade; Rádio Viva a Vida; Rádio Regional Vale FM; Rádio Gerasom; Coruja Web; Vale do Tempo; Servo do Rei; Rádio Best Sound; Rádio Lagoa Azul; Rádio Show Livre; Web Rádio Sintonizando os Corações; Rádio Campos Belos; Rádio Mundial; Clic Rádio Porto Alegre; Web Rádio Rosana; Rádio Cidade Light; União FM; Rádio Araras FM; Rádios Educadora e Transamérica; Rádio Jerônimo; Web Rádio Imaculado Coração; Rede Líder Web; Rádio Club; Rede dos Trabalhadores; Angelu'Song; Web Rádio Nacional; Rádio SINTSEPANSA; Luz News; Montanha Rádio; Rede Vida Brasil; Rádio Broto FM; Rádio Campestre; Rádio Profética Gospel; Chip i7 FM; Rádio Breganejo; Rádio Web Live; Ldnews; Rádio Clube Campos Novos; Rádio Terra Viva; Rádio interativa; Cristofm.net; Rádio Master Net; Rádio Barreto Web; Radio RockChat; Rádio Happiness; Mex FM; Voadeira Rádio Web; Lully FM; Web Rádionin; Rádio Interação; Web Rádio Engeforest; Web Rádio Pentecoste; Web Rádio Liverock; Web Rádio Fatos; Rádio Augusto Barbosa Online; Super FM; Rádio Interação Arcoverde; Rádio; Independência Recife; Rádio Cidadania FM; Web Rádio 102; Web Rádio Fonte da Vida; Rádio Web Studio P; São José Web Rádio - Prados (MG); Webrádio Cultura de Santa Maria; Web Rádio Universo Livre; Rádio Villa; Rádio Farol FM; Viva FM; Rádio Interativa de Jequitinhonha; Estilo - WebRádio; Rede Nova Sat FM; Rádio Comunitária Impacto 87,9FM; Web Rádio DNA Brasil; Nova onda FM; Cabn; Leal FM; Rádio Itapetininga; Rádio Vidas; Primeflashits; Rádio Deus Vivo; Rádio Cuieiras FM; Rádio Comunitária Tupancy; Sete News; Moreno Rádio Web; Rádio Web Esperança; Vila Boa FM; Novataweb; Rural FM Web; Bela Vista Web; Rádio Senzala; Rádio Pagu; Rádio Santidade; M'ysa; Criativa FM de Capitólio; Rádio Nordeste da Bahia; Rádio Central; Rádio VHV; Cultura1 Web Rádio; Rádio da Rua; Web Music; Piedade FM; Rádio 94 FM Itararé; Rádio Luna Rio; Mar Azul FM; Rádio Web Piauí; Savic; Web Rádio Link; EG Link; Web Rádio Brasil Sertaneja; Web Rádio Sindviarios/CUT.  

A programação também fica disponível na Rádio Brasil de Fato, das 11h às 12h, de segunda a sexta-feira. O programa Bem Viver também está nas plataformas: Spotify, Google Podcasts, Itunes, Pocket Casts e Deezer.  

Assim como os demais conteúdos, o Brasil de Fato disponibiliza o programa Bem Viver de forma gratuita para rádios comunitárias, rádios-poste e outras emissoras que manifestarem interesse em veicular o conteúdo. Para fazer parte da nossa lista de distribuição, entre em contato por meio do formulário.

Edição: Daniel Lamir