O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi ovacionado pelo público de um festival de música na noite de quinta-feira (22), em Paris, quando prometeu acabar com o desmatamento da Amazônia. Nesta sexta, diante dos chefes de Estado presentes à Cúpula para um Novo Pacto Financeiro Global, ele também arrancou aplausos quando tocou nesse assunto e defendeu uma aliança entre países que preservam suas florestas.
“Eu tenho 77 anos de idade, mas minha vontade de fazer as coisas é de como se eu tivesse 30”, declarou o presidente brasileiro, que tem dito com frequência que vai se dedicar para que, dentro de sete anos, o problema da derrubada ilegal das árvores da Floresta Amazônica tenha sido totalmente eliminado. “O Brasil vai levar a cabo a questão do desmatamento. É questão de honra acabar até 2030”, afirmou Lula. “O Brasil tem 30 milhões de hectares de terras degradadas, não precisa cortar uma árvore sequer para plantar soja, milho, criar gado”.
Prosseguindo numa linha retórica que tem adotado durante a viagem dessa semana à Itália e à França, de que as pessoas precisam conhecer mais o Brasil para poder falar com propriedade sobre o país, Lula reforçou o convite para que os líderes mundiais compareçam à cúpula sobre mudanças climáticas que será realizada em Belém do Pará. “Em 2025, vamos realizar a COP30 em um país amazônico. Espero que as pessoas que prezam tanto pela Amazônia, que dizem que a Amazônia é o pulmão do mundo, participem da COP para terem noção do que é a Amazônia. Porque muita gente fala, mas pouca gente conhece”.
O presidente lembrou também que haverá, em agosto próximo, um encontro de presidentes de países sul-americanos que compõem a Amazônia, no qual será preparada uma proposta para a COP 28, que será realizada no final do ano, em Dubai. “Certamente vamos conversar também com o Congo, com a Indonésia, para uma proposta única entre os países que ainda têm grandes florestas em pé. Queremos fazer disso não apenas um patrimônio ambiental, mas econômico para ajudar os povos que vivem nas florestas”.
Acordo Mercosul-UE
Um dia após dizer, em Roma, que as exigências da União Europeia para ratificar o acordo de livre comércio com o Mercosul são “inaceitáveis”, Lula voltou assunto no evento em Paris, afinal estava ao lado do presidente Emmanuel Macron e a França é a fonte das maiores resistências ao acordo. Após dizer que os acordos comerciais precisam ser mais justos, o presidente brasileiro declarou. “Estou doido para fazer um acordo com a União Europeia, mas não é possível a carta adicional que foi feita, fazendo ameaça a um parceiro estratégico. Nós vamos mandar a resposta, mas precisamos começar a discutir”.
A discussão deveria começar pouco depois, em almoço oferecido ao presidente brasileiro pelo presidente francês. Em pauta, um documento enviado em março pelos europeus, que prevê sanções aos países que não cumprirem as metas ambientais definidas no Acordo de Paris.
Edição: Thales Schmidt