O CAVE é nosso!

Comunidade cobra revitalização de equipamentos culturais ao invés de privatização no DF

População da região administrativa do DF é contrária à privatização de Complexo Esportivo

Brasil de Fato | Brasília (DF) |
Governo do Distrito Federal quer privatizar equipamento de lazer e cultura do Guará - Foto: Ísis Dantas/Gab. Dayse Amarilio

O Centro Administrativo Vivencial e Esportivo do Guará, conhecido como CAVE, inaugurado em 1978, e que agora se chama Complexo Esportivo e de Lazer do Guará está sob ameaça de privatização.

O espaço ocupa uma área de 393.778,772 m² e abriga espaços culturais e esportivos, como o estádio de futebol, o Teatro de Arena, a pista de bicicross, o skate parque, a quadra de areia, o Centro de Convivência do Idoso (CCI) e a Praça da Cultura, entre outros.

Em 2022, a Secretaria de Esporte e Lazer (SEL) lançou um edital de licitação pública para a concessão do complexo à iniciativa privada e, desde 2017, ainda no governo de Rodrigo Rollemberg, o GDF anunciava  a publicação deste edital de privatização do CAVE.

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Afonso Magalhães, economista e coordenador de Direitos Humanos e Relações Internacionais da Central de Movimentos Populares (CMP-DF), afirma que agora o GDF mudou de tática quanto à privatização do Cave

“O GDF agora mudou de tática em relação à privatização do CAVE.  Agora está tentando 'fatiar' a entrega dos equipamentos públicos: separando ginásio de esportes, clube vizinhança, estádio, etc. O Governo do Ibaneis segue aquela surrada lógica neoliberal: sucateia os equipamentos públicos, desinveste nesses equipamentos, que vão deteriorando e, assim, apresenta a proposta de privatizar como única solução”, destacou.

O debate que já vem sendo realizado nos últimos anos, foi tema de audiência pública na Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) no dia 21 de junho. Durante a audiência pública, Wellington Rocha, presidente do Conselho de Cultura do DF, afirmou que solicitou ao governo que retire a proposta de privatização do Cave, por ser um “espaço afetivo de memória”.

Já Danilo Ricardo Moura, subsecretário de Estruturação e Gestão de Projetos da Secretaria de Projetos Especiais, afirmou que não se trata de uma Parceria Público-Privada (PPP), mas sim de uma concessão comum e que o projeto não acarretará em prejuízos das atividades culturais.

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“O GDF insiste em não dar ouvidos à população e à classe cultural. Na audiência pública ficou comprovado o desconhecimento e insensibilidade do GDF. No mesmo momento foram apresentadas várias propostas alternativas ao Governo local. Decisões monocráticas não deveriam fazer parte de gestões públicas. Uma PPP ou Concessão só interessam aos empresários porque são lucrativas”, afirmou o rapper GOG, morador do Guará e que tem participado nas mobilizações contrárias à privatização.

Do mesmo modo, a produtora cultural, Ligia Bezerra, mais conhecida como Lola, disse que a possibilidade de uma Parceria Público-Privada (PPP) acendeu um alerta para a comunidade, unida pelo “sentimento de pertencimento”. Professora de capoeira no complexo, Lola narrou que, rotineiramente, os guaraenses usam o Cave, embora haja uma situação de abandono pelo poder público.

Medidas

Ao final da audiência, a deputada Dayse Amarílio (PSB) reforçou que o projeto de privatização do CAVE não atende à comunidade e sugeriu atuações da frente de trabalho junto ao Tribunal de Contas do DF, ao Ministério Público e uma reunião com o governador Ibaneis Rocha (MDB) para tratar do tema. Além disso, ela informou que fará um requerimento com pedido de informações e esclarecimentos ao GDF sobre valores e montantes envolvidos na questão.

“Há uma vanguarda hoje no Guará lutando para impedir a privatização do CAVE e, ao mesmo tempo, viabilizar recursos para pouco a pouco ir recuperando o espaço. O Ginásio, por exemplo, está com uma ruptura no lado direito de sua fachada, fruto de uma queda de árvore em 2019, ou seja, há quatro anos, sendo que o governo não faz absolutamente nada para corrigir o problema e reabrir o ginásio”, disse Afonso Magalhães.

“A população pode ajudar ao participar das Audiências Públicas, assinar e divulgar manifestos e frequentar o espaço que mesmo não estando em boas condições ainda tem muito a oferecer. Amar o CAVE é uma prova de amor ao Guará! A história quer se repetir, mas seremos resistentes. O CAVE é nosso!”, concluiu GOG.

Com informações da Agência CLDF

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Fonte: BdF Distrito Federal

Edição: Flávia Quirino