AMÉRICA LATINA

Argentina aposta no yuan para administrar dívida com o FMI

Porta-voz do governo anunciou pagamento de US$ 2,7 bi relativos ao segundo trimestre que evita comprometer Banco Central

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Argentina tem acordo de empréstimo com a China no valor equivalente a cerca de 19 bilhões de dólares em yuans; desse total, pode usar a metade, como desejar. - Esteban Collazo - Presidência Argentina

De acordo com anúncio feito por Gabriela Cerruti, porta-voz do governo, nesta quinta-feira, a Argentina quitará sua cota de dívida com o Fundo Monetário Internacional (FMI) com parte de suas reservas na organização financeira e também com uma quantia em yuan, a moeda chinesa.

A autoridade argentina apontou, em uma coletiva de imprensa, que no dia 30 de junho "será efetuado o pagamento ao FMI de 2,7 bilhões de dólares relativos ao segundo trimestre, parte em Direitos Especiais de Saque (DES) do Tesouro e parte em yuans, sem utilizar reservas do Banco Central".

Dados do Instituto Nacional de Estatísticas e Censos (INDEC) da Argentina indicam que a economia do país sul-americano enfrenta uma inflação superior a 110% e uma taxa de pobreza de 40%, embora a atividade econômica apresente crescimento pelo terceiro ano consecutivo, com um aumento de 1,3% em relação ao mesmo período do ano passado.

O Estado argentino possui uma conta em yuans após renovar, em 2023, um acordo de câmbio com a China por 130 bilhões de yuans, cerca de 19 bilhões de dólares. Alguns especialistas afirmam que o fato de pagar com essa moeda demonstra a falta de liquidez nas reservas do Banco Central argentino.

No entanto, a porta-voz oficial enfatiza que: "Com o pagamento ao FMI, cumpre-se o compromisso de que a acumulação de reservas do Banco Central não será colocada em risco".

Tweet: "A Argentina pagará sua dívida com o FMI com yuans. A porta-voz da presidência da Argentina, Gabriela Cerruti, anuncia que parte da dívida de US$ 2,7 bilhões será paga com moeda chinesa e com DES (Direitos Especiais de Saque)".

Em paralelo, o ministro da Economia, Sergio Massa, anunciou em 27 de junho um novo acordo com o FMI, que ainda não foi confirmado. As negociações com o órgão internacional de empréstimos se prolongarão por semanas até finalizar o acordo sobre o programa de US$ 44 bilhões do país.

O crédito original, solicitado durante o governo de Mauricio Macri, chegava a 57 bilhões de dólares. Mas depois de chegar ao poder em 2019, o presidente Alberto Fernández pediu ao FMI que cancelasse o restante dos desembolsos porque, como afirmou à época, "o país não tem nenhum dólar para devolver".

A dívida vence nesta sexta-feira, 30 de junho, e especialistas esperam que a economia argentina encolha em mais de 3% até o final de 2023, com uma taxa de inflação de 114%, a mais alta em três décadas.