Em 2018, cinco bairros de Maceió (AL) afundaram por conta das atividades mineradoras da empresa Braskem. Cerca de 60 mil pessoas tiveram que deixar as próprias casas. Os bairros tiveram afundamento de solo devido à extração de sal-gema, que é formado no subsolo, a cerca de mil metros da superfície.
Nos últimos tempos, esse caso chegou à 53ª sessão do Conselho de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU), no qual foram apresentadas as violações de direitos das pessoas atingidas.
A ativista Evelyn Gomes participou na última semana (de 28 a 30 de junho) de audiências em Genebra, na Suíça. Para falar sobre o tema, o programa Central do Brasil desta segunda-feira (03) conversou com a ativista que também é dirigente do LabHacker, um laboratório de inovação que atua nas áreas de política, tecnologia e arte.
A Braskem tem divulgado na televisão uma propaganda sobre reciclagem, com o intuito de promover atitudes ecologicamente corretas
— Brasil de Fato (@brasildefato) March 1, 2023
Mas, por trás, há uma história de crime ambiental: ela é responsável pelo afundamento de quatro bairros inteiros em Maceió (AL). Entenda #BrasildeFato pic.twitter.com/fvI93146uA
O espaço no Conselho de Direitos Humanos da ONU foi de construção de políticas públicas para o enfrentamento dos danos da tragédia sócio ambiental, apontou a ativista. Ela também avaliou as violações de direitos humanos que ocorreram no caso. “A empresa ficou com muitos benefícios e as pessoas tiveram que assinar esses acordos se privando do direito da livre associação, então elas não podiam ser associadas, tinham que negociar diretamente com a empresa. Um dos processos é a gente rever esse acordo.”
Gomes pontuou que esse caso não estava em nenhum dos relatórios da ONU até hoje e que um dos motivos para a falta de comoção nacional se dá ao fato de não ter ocorrido nenhuma morte direta. “Eu digo morte direta, porque a gente teve algumas mortes indiretas, tiveram alguns suicídios que ainda estão sendo contabilizados. A imprensa não olhou para Alagoas, para a vida de 60 mil pessoas e mais toda uma população ao redor”, disse. “Acredito que por estarmos no nordeste a invisibilidade é muito forte”, complementou.
Fora isso, ela alegou que os auxílios não foram suficientes para reparar os danos desse caso. “O Bebedouro era um bairro histórico. O valor é incalculável para a perda cultural que tinha ali. Ninguém queria sair de suas casas. Então as pessoas se sentem injustiçadas pelos valores que receberam e uma não pode contar para outra quanto recebeu porque há um termo de sigilo em seus acordos”, concluiu.
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Edição: Rodrigo Durão Coelho