Milhares de pessoas, entre representantes do poder público, de entidades, da sociedade civil, movimentos populares e organizações participam nesta semana da 17ª edição da Conferência Nacional de Saúde. Com o tema "Garantir direitos, defender o SUS, a vida e a democracia – Amanhã vai ser outro dia!", o evento foi pensado para marcar uma retomada da participação popular, do diálogo e da diversidade em busca de um Sistema Único de Saúde mais inclusivo e universal.
O encontro é um passo essencial para elaboração e aprovação de propostas para o Plano Nacional de Saúde e o Plano Plurianual 2024-2027. A última Conferência Nacional de Saúde foi realizada em 2019, já sob governo de Jair Bolsonaro (PL), em um contexto de necessidade de resistência, com o prenúncio dos cortes de verbas que viriam nos anos seguintes.
Até a próxima quarta-feira (5), o Centro Internacional de Convenções do Brasil (CICB), em Brasília (DF) receberá o evento, que é a conclusão de uma série de etapas regionais. As etapas preparatórias envolveram mais de 2 milhões de participantes em todo o Brasil, o dobro da edição anterior. Além disso, pela primeira vez, foram realizadas Conferências Livres, organizadas por segmentos da sociedade civil. Mais de 4 mil pessoas foram eleitas delegadas para discutir sobre 31 diretrizes e 329 propostas elaboradas nas conferências prévias.
O evento foi aberto oficialmente no início da noite do último domingo (2), com participação da ministra da Saúde, Nísia Trindade, que recebeu apoio de boa parte dos participantes em meio à disputa política de bastidores que poderia afastá-la do cargo. "Somos diversos, mas estamos unidos na luta pelo SUS, na luta pela democracia. Essa força coletiva de defesa da democracia que une o nosso Conselho Nacional de Saúde, que resistiu durante os anos mais difíceis da nossa história recente", resumiu a ministra no evento de abertura.
A programação da Conferência vai ter ainda o lançamento do Mapa Colaborativo dos Movimentos Sociais em Saúde, uma plataforma coletiva e interativa que reunirá iniciativas práticas e saberes dos movimentos no campo da saúde. A iniciativa é do Ministério da Saúde em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e o Conselho Nacional de Saúde. Movimentos populares já podem cadastrar suas iniciativas no site do projeto.
Durante os dias de atividades haverá também uma programação de arte, educação e cultura popular na área externa do CICB. Estão programadas performances e shows com temáticas como plantas medicinais, ancestralidade indígena, rap, hip hop e muito mais.
Realizadas desde 1941, as Conferências Nacionais de Saúde são espaços de participação popular e diálogo com a sociedade. A edição de 1986, por exemplo, foi um dos momentos mais importantes para a elaboração e criação do SUS. Atualmente, o encontro é realizado a cada quatro anos.
"Não é um evento, é o final de um processo que culmina na etapa nacional. Uma construção que envolveu mais de 2 milhões de pessoas no Brasil. Quem chega na conferência nacional são pessoas eleitas delegadas nos diversos espaços de possibilidades de opinarem e debaterem propostas. E não são só pessoas, elas vem representar propostas e diretrizes que foram aprovadas nas conferências", afirmou o presidente do Conselho Nacional de Saúde, Fernando Pigatto.
Edição: Rodrigo Durão Coelho