Nas décadas de 1970 e 1980 houve uma efervescência de reivindicações populares urbanas em São Paulo, com movimentos contra a carestia, pela terra, por saneamento, saúde e educação, em especial nas periferias da cidade. Muitos desses coletivos e associações se originaram a partir das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) da Igreja Católica, e com forte protagonismo das mulheres.
A proximidade da região de Sapopemba na Zona Leste com o ABC Paulista também agregou a experiência da luta operária. No campo da luta pela terra, a partir de ocupações realizadas nesse período, muitos bairros foram se constituindo, como é o caso por exemplo do Altos da Vila Prudente.
Nesta edição o Bem Viver, programa do Brasil de Fato, traz um pouco mais desta história de luta na capital paulista no novo quadro DOC Bem Viver e uma entrevista especial com a deputada federal (PSOL) Luiza Erundina.
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Uma figura muito importante nessa mobilização por moradia em São Paulo, ela foi a primeira mulher e nordestina eleita à prefeita da capital paulista em 1989. Antes disso, já trabalhava pelo direito à moradia, atuando como assistente social desde a década de 1970.
"Meu primeiro contato com a população foi exatamente na periferia, sobretudo, na Zona Leste, na época era uma comunidade enorme de mais de 3 milhões de habitantes em que o problema, entre outros agudos, era exatamente uma grande quantidade de pessoas que chegavam, não tinha onde morar, ocupavam os espaços vazios e eram perseguidos pela polícia pelo Estado. Eu como assistente social funcionária da prefeitura tinha que exatamente trabalhar com esse com esse com essa população", relembra Erundina.
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O acompanhamento, articulação e formação junto às CEBs e aos movimentos populares fundamentou o mandato como prefeita de São Paulo e a definição de uma política pública de moradia pautada em mutirões de construção de habitação, em que a partir do fornecimento de materiais e formação técnica do órgão municipal os moradores construíam suas casas coletivamente.
"A prefeitura foi de fato um órgão público que propiciou as melhores condições para se construir-se em São Paulo mais de 40 mil unidades habitacionais nesse regime de mutirão, um recursos possibilitados pela Prefeitura. Esse regime barateava em 40% o custo de construção da moradia e formava a classe trabalhadora migrante das periferias", pontua.
Na época a Prefeitura não tinha recursos para desapropriar e adquirir as áreas para a construção dos conjuntos habitacionais, então a decisão foi que a regularização seria feita posteriormente a construção. Foi o caso de Renildo Gonçalves Viana, morador da Vila Prudente, que construiu a casa em mutirão na década de 1990 e esse ano recebeu o título da terra, uma conquista coletiva.
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"Eu trabalhava dia e noite, eu e minha mulher até onze horas da noite. Eu passando a massa, ela arrumando a massa na caixa para mim. Foi corrido, dolorido, mas valeu a pena. A emoção ao receber o título foi tão forte que todo mundo comemorou com a gente, foi uma coisa maravilhosa demais", conta ele para reportagem do Bem Viver.
Em toda a cidade de São Paulo estima-se que cerca de 34.900 famílias estão sob ameaça de despejo, segundo mapeamento nacional de conflitos pela terra e moradia da campanha Despejo Zero. Erundina ressalta a importância da reforma agrária para a reforma urbana para que o direito à moradia seja garantido.
"O problema vai sempre existir enquanto não se fizer a reforma agrária e a reforma urbana, porque com reforma agrária você dispõe de terra para a construção de moradias agora o método modo para adquirir recursos para isso é um outro elemento que se coloca a ser resolvido pelo administrador a gente público e tem que propiciar essa política", afirma a parlamentar.
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Edição: Marina Duarte de Souza