O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, anunciou que vai adotar "as providências cabíveis" para apurar possíveis irregularidades nas atuações de agentes públicos que levaram à prisão o então reitor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Luiz Carlos Cancellier de Olivo, que cometeu suicídio em consequência da situação que viveu.
A manifestação do ministro vem na sequência de decisão do Tribunal de Contas da União (TCU) que descartou qualquer irregularidade cometida por Cancellier no episódio, registrado em outubro de 2017. A confirmação foi enviada à UFSC na última quinta-feira (6).
Preso por 36 horas e impedido de retornar à universidade, Cancellier se recolheu em casa por 18 dias até que se jogou do último andar de um shopping center em Florianópolis. No bolso ele carregava um bilhete dizendo que sua morte tinha sido decretada quando ele foi afastado da UFSC.
Com base na decisão do TCU sobre as alegações contra o saudoso reitor Luiz Carlos Cancellier, da UFSC, na próxima semana irei adotar as providências cabíveis em face de possíveis abusos e irregularidades na conduta de agentes públicos federais.
— Flávio Dino 🇧🇷 (@FlavioDino) July 8, 2023
No episódio, a Polícia Federal (PF) realizou uma operação batizada de "Ouvidos Moucos" para investigar supostas irregularidades em ofertas de educação à distância no programa Universidade Aberta do Brasil (UAB). As alegações eram de que havia superfaturamento no aluguel de veículos para execução do programa por parte da UFSC durante a gestão Cancellier, o que nunca foi comprovado e que, agora, o TCU afirma que não aconteceu.
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O modus operandi da PF no caso seguiu a regra da atuação da operação Lava Jato. A relação foi lembrada pela deputada federal Gleisi Hoffman (PT-PR), que citou a humihação a que Cancellier foi submetido na época.
Preso, acorrentado, algemado e humilhado por uma operação nos moldes da lava jato, o reitor da UFSC, Luiz Carlos Cancellier, foi inocentado pelo TCU. Não houve irregularidades na universidade, Cancellier sempre foi inocente. O reitor, que se suicidou, teve sua prisão decretada…
— Gleisi Hoffmann (@gleisi) July 8, 2023
O senador Fabiano Contarato (PT-ES) destacou que Cancellier se viu "descrente na Justiça", e cobrou responsabilizações: "essa gente vai pagar pelo que fez?", indagou no Twitter.
Preso ilegalmente e humilhado, desesperado e descrente na Justiça, o professor Cancellier viu tragicamente em seu suicídio o único fim da infâmia. O TCU sepultou de vez a tese dos inquisidores, mas a questão que fica é: essa gente vai pagar pelo que fez?https://t.co/dQquQWzOTU
— Fabiano Contarato (@ContaratoSenado) July 9, 2023
Edição: Nicolau Soares