A Praça da Paz, região central de Foz do Iguaçu, foi palco, neste domingo (09), de um ato em memória do guarda municipal Marcelo Arruda, petista assassinado na noite de 9 de julho de 2022, durante a celebração do seu aniversário de 50 anos.
"O dia 9 de julho seguirá sendo lembrado por todos que amavam e ainda amam o Marcelo Arruda. Infelizmente, não mais para festejar seu aniversário, mas para lembrar daquele que foi o seu último dia de vida", desabafou ao microfone Leonardo Miranda de Arruda, o mais velho dos quatro filhos órfãos de Marcelo.
A fala emocionada deu início à série de atividades em homenagem ao tesoureiro do PT de Foz do Iguaçu, assassinado após sua festa com temática do partido ser invadida por um bolsonarista armado. "Isso faz um ano hoje, e tragicamente ocorreu no dia do seu aniversário. Desde então, a nossa família ainda está aprendendo a lidar com essa perda, com a ausência que ele faz em nossas vidas. Não está sendo fácil, mas estamos seguindo. Este é um ato pela paz e também pela justiça. O ódio não pode fazer mais vítimas na política", reforçou Leonardo.
Oferecida à 3ª Vara Criminal de Foz do Iguaçu pelo Ministério Público do Paraná (MP-PR), a denúncia atribui ao policial penal federal Jorge Guaranho a prática de homicídio duplamente qualificado, por motivo fútil e que possa resultar em perigo comum. A expectativa é de que o assassino bolsonarista seja submetido a julgamento pelo Tribunal do Júri ainda neste ano, porém, sem data confirmada até o momento.
"Enquanto esse julgamento não acontecer, enquanto esse assassino não for condenado, nós não teremos paz. A condenação do responsável pela morte do Marcelo precisa ser a máxima possível. É algo didático. As pessoas precisam saber que ninguém pode tirar a vida do outro por divergência política. Política se resolve com política, não com arma, jamais com morte", defende Pamela Silva, viúva de Arruda, que chegou a lutar contra Guaranho durante a troca de tiros em plena festa.
Para a mãe dos dois filhos mais novos de Marcelo Arruda, a condenação do assassino representa uma questão de segurança pública. "Além de ser o mínimo necessário para a saúde psicológica dos familiares, a pena máxima contra o assassino se faz necessária por uma questão de segurança pública. Afinal, uma pessoa que não sabe conversar, que não tolera o diferente, que é disposta a sacar uma arma e atirar sem pensar duas vezes... esse tipo de gente não pode conviver em sociedade jamais. Sua condenação servirá para que o Brasil vire a página sobre o ódio disseminado pelo bolsonarismo. A morte do Marcelo foi a concretização desse ódio. A punição precisa ser exempla", reforça a viúva.
De acordo com o advogado Daniel Godoy Junior, representante da família de Marcelo Arruda como assistente de acusação no processo, restou demonstrado nas investigações que o assassino agiu motivado pelo ódio político. "E em razão disso estamos confiantes de que o réu será responsabilizado pelo crime de homicídio duplamente qualificado".
Já para o secretário de Direitos Humanos de Foz do Iguaçu, Ian Vargas, o crime praticado pelo bolsonarista ultrapassou limites. "Foi um crime contra a democracia brasileira. Foi contra a nossa Constituição Federal. Foi contra os Direitos Humanos. Foi um atentado contra o Brasil. Marcelo morreu por suas ideias e seus ideais. Ele estará sempre em nossa memória e seguiremos lutando para que justiça seja feita", finalizou.
A reportagem não conseguiu contato com a defesa de Jorge Guaranho.
Fonte: BdF Paraná
Edição: Lia Bianchini