Em depoimento nesta quarta-feira (12) à Polícia Federal (PF) em Brasília (DF), o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) confirmou que esteve com o senador Marcos do Val (Podemos-ES), mas afirmou que não foram discutidos planos para gravar conversa do parlamentar com o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Bolsonaro confirmou ainda que o encontro contou com o ex-deputado federal Daniel Silveira (sem partido), que teria articulado a reunião, realizada no Palácio da Alvorada em 8 de dezembro de 2022, pouco mais de 20 dias antes de ele deixar a presidência da República.
Ainda de acordo com o ex-presidente, ao contactá-lo para agendar o encontro, Silveira afirmou que a ideia era falar sobre Moraes, mas não deu detalhes sobre o que seria discutido. Mesmo sem saber qual o tema, ele teria topado a reunião.
O depoimento do ex-presidente à PF nesta quarta-feira aconteceu no âmbito das investigações de trama golpista denunciada por Marcos do Val no início de fevereiro, quando ele disse, inclusive, que estava abandonando a política.
Na ocasião, o senador concedeu entrevista à revista Veja na qual dizia que foi convidado por Silveira a participar de um plano que envolvia Bolsonaro e que contava com gravações de conversas com o próprio Alexandre de Moraes. Antes mesmo da publicação da reportagem o senador contou a história nas redes sociais.
Menos de 24 horas após a denúncia, do Val se desmentiu e mudou a versão da história contada, tentando tirar a responsabilidade de Bolsonaro sobre o plano. Além disso, disse que cumpriria o mandato.
Depoimentos viraram rotina para Bolsonaro
Desde que voltou ao Brasil, em 30 de março (três meses após deixar o país antes mesmo do fim de seu mandato na presidência), Bolsonaro teve de se habituar a uma rotina de depoimentos à PF. Este foi o quarto.
No dia 5 de abril, menos de uma semana após o retorno ao país, ele foi (tentar) se explicar sobre o caso das joias milionárias dadas pelo governo da Arábia Saudita e que ele e sua esposa, Michelle, supostamente tentaram guardar como objetos pessoais.
Ainda em abril, no dia 26, ele voltou a ser ouvido pelos policiais federais, desta vez no inquérito sobre os atos golpistas de 8 de janeiro. Na ocasião, disse que estava sob efeito de remédios quando fez uma postagem incentivando o golpe.
O terceiro depoimento aconteceu no último dia 16 de maio. O ex-presidente foi à PF para falar sobre o possível envolvimento em um esquema de fraudes em cartões de vacinação.
Edição: Rodrigo Durão Coelho