Guerra

Zelensky defende uso de bombas de fragmentação em guerra contra Rússia

Moscou diz que uso desse tipo de armamento demonstra 'desespero'

Nova Iorque |
Enquanto Zelensky defendeu a utilização do armamento, Moscow criticou o que chamou de "desespero" - AFP

Na última sexta-feira (7), a Casa Branca anunciou o envio de bombas de fragmentação a Kiev, para serem usadas na guerra contra a Rússia. A munição é tida como extremamente perigosa para civis - inclusive no futuro, visto que muitas podem permanecer não detonadas por décadas. O tema foi assunto em Moscou e também na cúpula da Otan, que terminou nesta quarta-feira (12).

O presidente Joe Biden reconheceu que foi uma decisão difícil, mas argumentou que era necessária, pois a Ucrânia estava ficando sem munição em sua contraofensiva. O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, também defendeu a decisão, afirmando, também, se tratar de uma escolha difícil, mas necessária, para garantir que a Ucrânia não ficasse sem munição e se tornasse indefesa.

Grupos humanitários condenaram fortemente a decisão dos Estados Unidos de fornecer munições de fragmentação. De acordo com a ONG Human Rights Watch, porém, tais bombas já estão sendo utilizadas tanto pela Ucrânia quanto pela Rússia, levando a "morte e ferimentos graves de civis". O uso de munições de fragmentação é proibido por mais de 100 países.

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, por outro lado, defendeu o uso de munições de fragmentação. Em resposta à decisão da administração Biden de fornecer as armas controversas a Kiev, Zelensky afirmou, na cúpula da Otan nesta quarta-feira (12), que a Rússia usa constantemente munições de fragmentação em território ucraniano.

"A Rússia usa constantemente bombas de fragmentação em nosso território", disse Zelensky no último dia da cúpula da Otan na Lituânia, nesta quarta. "Nós nos defendemos, sem usar [essas] armas no território de outros estados."

O presidente ucraniano prometeu que o país usará as bombas de fragmentação exclusivamente para fins militares nas áreas ocupadas pela Rússia.

Resposta russa

De acordo com a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, que se manifestou no sábado (8), a decisão de Washington de fornecer munições de fragmentação à Ucrânia é um “ato de desespero que não terá efeito na campanha de Moscou na Ucrânia".

A declaração de Maria Zakharova aconteceu um dia após o anúncio oficial pelo governo estadunidense. "É um ato de desespero e mostra fraqueza diante do fracasso da tão alardeada contraofensiva ucraniana”, completou, em nota, Zakharova.  

O Ministro da Defesa russo, Sergei Shoigu, afirmou que “caso os Estados Unidos forneçam munições de fragmentação à Ucrânia, as forças armadas russas serão obrigadas a usar armas similares em resposta às forças armadas da Ucrânia”. Shoigu chegou ainda a afirmar que o armamento russo seria muito mais poderoso que o fornecido pelos EUA.

Edição: Thales Schmidt