O presidente do Parlamento da Venezuela, Jorge Rodríguez, ameaçou nesta quinta-feira (13) rejeitar a presença de uma missão de observação eleitoral da União Europeia nas próximas eleições presidenciais no país, que devem ser realizadas em 2024.
As declarações vierem em resposta a uma resolução aprovada na manhã desta quinta-feira pelo Parlamento Europeu que condena as inabilitações de opositores venezuelanos e pede que haja um "processo independente" para a escolha de um novo Conselho Nacional Eleitoral (CNE) no país.
"Eu digo a você, Josep Borrel (alto comissário para Assuntos Externos da UE), aqui não virá nenhuma missão de observação da Europa enquanto nós sejamos os representantes do Estado venezuelano, não virão. Eles violaram o acordo que assinamos com eles", disse Rodríguez.
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O chefe do Legislativo venezuelano ainda chamou de "imbecilidade humana" a resolução europeia, afirmando que o documento continha "postulados delirantes" sobre a política venezuelana.
"A velha Europa, com nostalgia do império que foi, tenta mostrar seus dentes cariados à Venezuela e mesmo que isso seja uma imbecilidade devemos mostrar nosso mais profundo rechaço a essa tentativa de ingerência imperial", disse.
Com 495 votos a favor e 25 contrários, o Parlamento europeu aprovou uma resolução que condena as inabilitações de Maria Corina Machado, Henrique Capriles e Freddy Superlano, todos pré-candidatos à Presidência que disputarão as eleições primárias da oposição.
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Além disso, os eurodeputados pediram um "procedimento independente" para a escolha de um novo Conselho Eleitoral Nacional (CNE), que passa por uma renovação de sua direção e deverá ser reformado pela Assembleia Nacional venezuelana.
Ainda segundo o documento aprovado, a Venezuela supostamente teria ignorado as recomendações feitas pela última missão de observação eleitoral que esteve presente no país para as eleições regionais de 2021 que elegeram prefeitos, governadores e deputados estaduais. Na ocasião, a UE enviava pela primeira vez em 15 anos uma missão à Venezuela e, apesar de apontar alguns delitos, concedeu credibilidade internacional ao pleito.
A resolução do Parlamento também afirma que a "próxima cúpula entre UE e Celac é uma oportunidade para defender os princípios do Estado de Direito, da democracia e dos direitos humanos".
Reações
Após a inabilitação da ex-deputada Maria Corina Machado se tornar pública no último dia 30 de junho, os EUA, a UE e presidentes de outros países criticaram a decisão e se solidarizaram com a opositora.
Caracas, por sua vez, rechaçou as declarações e classificou as posturas como "ingerência", reafirmando a "soberania das instituições venezuelanas".
Segundo ofício da Controladoria-Geral da República, Machado está inabilitada de exercer qualquer cargo público por 15 anos pois a opositora teria ocultado bens e ativos de sua declaração patrimonial que deveria ter sido apresentada quando ela era deputada no Parlamento. Machado nega as acusações.
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Ultraliberal conservadora, Maria Corina é engenheira e filha de um dos maiores empresários da Venezuela que faleceu em janeiro deste ano. Ela entrou para a política como diretora de uma ONG que apoiou o golpe de 2002 contra o ex-presidente Hugo Chávez e convocou o referendo revogatório de 2004.
Hoje, filiada ao partido Vente Venezuela, é uma das favoritas para as primárias da oposição e, se eleita presidente, propõe a privatização de quase todas as empresas e serviços estatais do país.
Edição: Thales Schmidt