O presidente sul-coreano, Yoon Suk Yeol, fez uma visita surpresa neste sábado (15/07) à Ucrânia, a primeira desde que está no cargo. Ele deverá se encontrar à tarde com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, que espera obter armas do país.
Neste sábado, o presidente sul-coreano esteve em Bucha, palco de um massacre de civis pelas tropas russas, e também em Irpin, alvo de ataques de mísseis.
A Coreia do Sul é o nono exportador mundial de armas, mas até agora forneceu apenas ajuda humanitária à Ucrânia, invadida em fevereiro de 2022 pela Rússia, e vendeu tanques e peças de artilharia à Polônia, um dos principais aliados de Kiev.
O governo sul-coreano tem como política o não-fornecimento de armas para regiões em conflito, apesar dos inúmeros pedidos feitos pelos Estados Unidos, Europa e outros países para que abrisse uma exceção no caso da Ucrânia.
O encontro entre Yoon Suk Yeol e Zelensky deverá se concentrar neste ponto: convencer os sul-coreanos a mudarem de ideia. O presidente ucraniano já pediu diretamente à Coreia do Sul que enviasse armas para o país.
Os sul-coreanos produzem um grande volume de artefatos compatíveis com o armamento da Otan, incluindo munições de artilharia, muito utilizadas nos combates. Seul já sinalizou no passado que poderia passar a fornecer armas para os ucranianos em caso de ataques a civis.
Mas, em maio, desmentiu as informações da imprensa americana que de o país estaria organizando a entrega de foguetes para a Ucrânia e reiterou sua decisão de não entregar armas letais para as tropas ucranianas.
A posição da Coreia do Sul é politicamente delicada: a Rússia era o 15° parceiro comercial dos sul-coreanos em 2022. Além disso, o país é um dos poucos que ainda exerce influência sobre a Coreia do Norte, com quem a Coreia do Sul continua tecnicamente em guerra. Os sul-coreanos também gerenciam a ameaça nuclear norte-coreana e os testes com armas na fronteira.
Sem negociação
Nesta sexta-feira, a Ucrânia reiterou que não irá negociar com a Rússia enquanto as tropas de Moscou estiverem no território ucraniano. A declaração foi dada pelo chefe do gabinete presidencial de Kiev, Andrii Yermak.
"As negociações só serão possíveis depois que as tropas russas abandonarem nosso território", insistiu Yermak. "Todo mundo sabe que não vamos falar com os russos" antes disso, acrescentou.
O conflito começou em fevereiro de 2022, com a ofensiva russa na Ucrânia. As forças de Kiev realizam uma lenta contraofensiva no leste e no sul do país e anunciaram nesta sexta-feira um avanço de 1,7 quilômetros em direção à cidade de Melitopol.