Uma explosão na ponte da Crimeia na madrugada desta segunda-feira (17) deixou duas pessoas mortas e destruiu um trecho da via que conecta a região russa de Krasnodar com a península anexada por Moscou. O tráfego na ponte foi suspenso.
A Rússia acusa Kiev pelo ataque, apesar das autoridades ucranianas não reconheceram oficialmente a responsabilidade pela explosão. Um processo criminal investigativo foi aberto. De acordo com o Comitê Nacional Antiterrorismo russo, a ação violenta foi causada por dois drones de superfície.
A explosão matou um casal da região russa de Belgorod. A filha deles, de 14 anos, ficou gravemente ferida e está hospitalizada.
Este é o segundo grande incidente na ponte que leva à península anexada desde o início da guerra. O episódio anterior aconteceu em outubro do ano passado. A construção representa um dos principais símbolos da anexação russa da península em 2014.
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A construção da ponte foi encomendada pelo presidente russo, Vladimir Putin, após a anexação da Crimeia, sendo inaugurada em maio de 2018. O custo da obra foi de 228,3 bilhões de rublos - 2,9 bilhões de euros na época.
Além do fator simbólico, a ponte da Crimeia tem uma grande importância logística, pois ela é usada para abastecer o exército russo no sul da Ucrânia.
Kremlin acusa Kiev de 'terrorismo'
Ao se pronunciar sobre o incidente, o porta-voz do presidente da Rússia, Dmitry Peskov, disse que todos os serviços e departamentos relevantes do país estão prontos para novos ataques após a explosão na ponte da Criméia.
"Todos os serviços relevantes, departamentos, todos estão trabalhando. Estamos cientes da impostura do regime de Kiev. Hoje, o regime de Kiev matou uma jovem família, os pais de uma menina, a menina foi ferida na ponte da Crimeia, e isso deve ser falado para que todos saibam que tudo isso é obra do regime de Kiev. E vamos todos trabalhar e manter o foco para evitar a repetição de tais tragédias", disse Peskov em coletiva de imprensa.
O porta-voz do Kremlin acrescentou que medidas de segurança adicionais estão sendo constantemente tomadas na Rússia. "Sabemos as razões e aqueles por trás desse ato terrorista. Isso exigirá mais compostura, medidas adicionais e trabalho adicional de todos nós", disse Peskov.
Após a explosão na ponte da Crimeia, o vice-chefe do Conselho de Segurança da Federação Russa, Dmitry Medvedev, por sua vez, disse que "os terroristas entendem apenas a linguagem da força, apenas métodos pessoais e completamente desumanos". Medvedev pediu a explosão das casas dos "terroristas" e "das casas de seus parentes".
Reação ucraniana
De acordo com publicações da mídia ucraniana, Ukrainska Pravda e RBK-Ucrânia, citando fontes do Serviço de Segurança da Ucrânia, o ataque à ponte teria sido uma operação especial da inteligência e das Forças Navais da Ucrânia. As fontes informaram que o ataque foi feito com o auxílio de drones de superfície.
Já o conselheiro do chefe do Gabinete do Presidente da Ucrânia, Mykhailo Podolyak, mencionou o fato de que a ponte foi construída pela Rússia no contexto da anexação da Crimeia e é utilizada por Moscou como logística de guerra.
“Quaisquer construções ilegais usadas para entregar ferramentas russas de assassinato em massa têm vida curta. Independentemente das razões para a destruição", destacou.
O representante da Diretoria Principal de Inteligência da Ucrânia, Andriy Yusov, por sua vez, observou que, devido à destruição de um trecho da ponte, o exército russo na Ucrânia terá problemas com a logística.
“A península é usada pelos russos como um grande centro logístico para mover forças e ativos para o interior do território da Ucrânia. Claro, qualquer problema logístico é uma complicação adicional para os invasores”, disse Yusov.
Edição: Patrícia de Matos