Em Michigan, estado central para a vitória de Joe Biden em 2020, 16 republicanos estão na mira da justiça por suposta tentativa de fraude eleitoral. Eles teriam tentado mudar o resultado da eleição presidencial no estado, que deu a vitória a Biden com uma diferença de menos de 3 pontos percentuais.
De acordo com a Procuradoria-geral de Michigan, os republicanos teriam tentado fraudar a lista de delegados do Colégio Eleitoral. Com essa manobra, delegados trumpistas não transmitiriam a decisão da população do Estado, onde a chapa de Biden venceu.
O sistema eleitoral dos EUA
Os Estados Unidos não são uma democracia direta. Diferentemente do Brasil, no país não é o voto popular que elege o presidente. O voto elege um delegado, um representante, que aí sim escolhe o presidente. Em Michigan, assim como na imensa maior parte dos estados, o candidato vitorioso carrega a totalidade dos delegados.
Os delegados são pessoas escolhidas pelo estado para representar o desejo popular expresso nas urnas. Algumas legislações estaduais preveem punições para delegados que votam em um candidato diferente daquele que venceu eleição, outras não. Em 2016, por exemplo, Bernie Sanders recebeu o voto de um delegado no Havaí. Ele nem sequer era candidato.
A eleição chega formalmente ao final quando os votos dos delegados são certificados. Isso é o que acontecia do Capitólio, em 6 de janeiro de 2020, quando trumpistas enfurecidos invadiram e depredaram o prédio.
De volta ao assunto
O grupo de republicanos que inclui Maria Sheridan, vice-presidente do partido em Michigan, e Meshawn Maddock, ex-presidente estadual do partido, é acusado de falsificar documentos para que falsos delegados se apresentassem como legítimos, abrindo assim brecha para Mike Pence, então vice de Trump, pudesse contestar o resultado da eleição.
Mike Pence não contestou nada, ainda que sob pressão de Donald Trump. De aliado, ele passou a inimigo do então presidente republicano. Durante a invasão do Capitólio, os manifestantes gritavam “enforque Mike Pence!”. Isso porque, como vice-presidente, Pence também era presidente do Senado e presidia a sessão de certificação dos votos dos delegados.
Possível novo indiciamento de Trump
Os 16 republicanos são os primeiros a poder enfrentar consequências judiciais por tentativa de interferência na eleição de 2020. No entanto, não são os únicos. O próprio ex-presidente Donald Trump pode ser o próximo.
Na terça-feira (19), Trump postou nas redes sociais que era alvo em uma investigação federal sobre tentativas de fraude eleitoral e a invasão do Capitólio em 2020. Ele teria recebido uma ligação informando sobre a investigação, um procedimento comum antes de um indiciamento formal.
Trump estaria sendo investigado por pressionar oficiais a alterar o resultado das votações, por pressionar Mike Pence para que não certificasse o resultado das urnas e por arrecadar dinheiro em cima do discurso infundado de fraude nas eleições de 2020.
Edição: Thales Schmidt