Diplomacia

Existe 'consenso' para eliminar as sanções contra a Venezuela, diz Maduro

Presidente celebrou reunião entre governo e oposição realizada na Bélgica; fim do bloqueio e eleições são prioridades

Caracas (Venezuela) |

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Queremos começar uma nova história entre Venezuela e Europa, disse Maduro - Prensa presidencial

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, comentou na noite desta terça-feira (18) a reunião que ocorreu em Bruxelas, na Bélgica, entre governo e oposição e disse que ambas as partes chegaram a um consenso sobre eliminar sanções contra o país.

"Tem que haver diálogo e respeito. A Venezuela seguirá seus processos sociais e políticos. Na mesa de diálogo houve um consenso de que é preciso eliminar as sanções contra Venezuela, então que se cumpra o consenso", disse o mandatário à emissora Telesur.

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Essa foi a primeira vez que representantes do governo e da oposição da Venezuela se reuniram publicamente para dialogar desde novembro do ano passado.

Às margens da cúpula da Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) e União Europeia, a vice-presidente venezuelana, Delcy Rodríguez, se reuniu com o chefe da delegação opositora nos diálogos, Gerardo Blyde. O encontro ainda contou com a presença dos presidentes da França (Emmanuel Macron), Argentina (Alberto Fernández), Colômbia (Gustavo Petro) e Brasil (Lula), além do alto representante para Assuntos Externos da UE, Josep Borrel.

Os diálogos entre governo e oposição da Venezuela vinham ocorrendo no México, mas foram paralisados em outubro de 2021. A aproximação de eleições presidenciais e a necessidade de destravar a participação venezuelana no mercado energético fizeram com que novas iniciativas de negociação surgissem em diferentes contextos.

::Na Bélgica, Lula participa de reunião com governo e oposição da Venezuela::

O governo exige o fim das sanções impostas pelos EUA e pela União Europeia, enquanto a oposição pede a definição de um calendário eleitoral para o próximo pleito presidencial. Os temas foram abordados na reunião realizada na Bélgica com latino-americanos e europeus e, de acordo com a declaração conjunta resultado do encontro, a suspensão do bloqueio está condicionada à realização de eleições.

"[Os chefes de Estado] fizeram um apelo em prol de uma negociação política que leve à organização de eleições justas para todos, transparentes e inclusivas, que permitam a participação de todos que desejem, de acordo com a lei e os tratados internacionais em vigor, com acompanhamento internacional. Esse processo deve ser acompanhado de uma suspensão das sanções, de todos os tipos, com vistas à sua suspensão completa", diz o texto divulgado pelo governo brasileiro.

UE errou ao tentar impor Guaidó

Ainda na noite desta terça-feira, Maduro comentou a presença venezuelana na cúpula em Bruxelas e disse que o governo estava satisfeito com a participação. "A vice-presidenta, Delcy Rodríguez, levou nossa verdade para que a Europa entenda que não queremos retroceder, que eliminem as sanções sem justificativa, porque elas são ilegais e violam o direito internacional", disse.

O presidente ainda mencionou o apoio que a maioria dos países europeus deram ao ex-deputado Juan Guaidó e ao "governo interino". "É um fato que eles se enganaram quando tentaram nos impor um presidente que ninguém havia eleito, um bandido, um ladrão que foi Guaidó", afirmou.

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Maduro ainda disse que Caracas pretende "virar a página e, quem sabe, começar a escrever uma nova história entre Venezuela e Europa". 

O apelo do presidente vem apenas uma semana depois do presidente do Legislativo venezuelano, Jorge Rodríguez, ameaçar não convidar a missão de observação eleitoral da UE para as próximas eleições presidenciais no país.

A medida seria uma retaliação após o Parlamento Europeu aprovar uma resolução condenando as inabilitações de opositores e pedindo um "processo independente" de renovação do Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela.

Edição: Thales Schmidt