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Rebelião e tentativa de golpe: grupo de militares mantém presidente do Níger refém

Eleito em 2021, Mohamed Bazoum foi vítima de insurgência após demissão de chefe da guarda presidencial

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Presidente nigerino Mohamed Bazoum foi sequestrado por grupo de militares após demitir chefe da guarda presidencial - Presidência do Níger

Na manhã desta quarta-feira (26/07), um grupo de militares invadiu o palácio presidencial do Níger e tomou como refém o mandatário do país africano, Mohamed Bazoum, e alguns membros da sua família.

Segundo a imprensa local, a insurgência militar não faz parte de uma ação determinada pelo conjunto das forças armadas nigerinas, e sim por uma reação de um grupo leal ao general Omar Tchiani, ex-chefe da guarda presidencial, que havia sido demitido dias antes, por decisão de Bazoum.

Os meios nigerinos também informam que Tchiani era considerado homem de confiança do antecessor de Bazoum, Mahamadou Issoufou (2011-2021), e que sua demissão foi justificada por essa ligação.

Outras autoridades do Níger qualificaram a ação como um “movimento antirrepublicano” e uma tentativa de golpe de Estado.

Alguns meios inclusive sugerem o envolvimento de Issoufou na ação. Outros afirmam que o motivo o grupo insurgente estaria agindo em nome do general Tchiani, descartando a participação de Issoufou no caso.

Bazoum e Issoufou fazem parte da mesma organização política, o Partido Social Democrata do Níger, de centro-esquerda, razão pela qual o conflito, caso tenha conotações políticas, poderia significar também um racha no partido que comanda o país há 12 anos, desde o fim do regime militar.

A imprensa local assegura que os militares insurgentes entregaram garantias às autoridades locais de que o presidente e seus familiares sequestrados não se encontram feridos.

A União Africana emitiu um comunicado sobre a insurgência no Níger, classificando-a como um ato “semelhante a um golpe de Estado” e como uma “tentativa de minar a estabilidade das instituições democráticas” no país.

Histórico de golpes de Estado

O Níger era uma antiga colônia francesa no Noroeste da África, que alcançou sua independência em 1960. Desde então, o país teve cinco presidentes civis, sendo que os três primeiros foram vítimas de golpes de Estado: Hamani Diori (primeiro presidente da história do país), em 1974; Mahamane Ousmane, em 1996; e Mamadou Tandja, em 2010.

Também houve um golpe de Estado contra o presidente militar Ibrahim Baré Maïnassara, em 1999, em ação ainda mais violenta, já que terminou com o assassinato do então mandatário.

O possível envolvimento de Issoufou neste quinto golpe registrado na história do país poderia agregar um fato inusitado ao caso, já que ele foi o primeiro presidente civil que conseguiu completar seu mandato e entregar o poder a outro civil.

Além de ter sido o único civil que não sofreu um golpe, Issoufou entregou o poder a Bazoum, seu aliado quando foi eleito, no que se transformou na primeira transição democrática da história do Níger.

* Com informações de RT, Jeune Afrique e TeleSur.