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Caso Marielle e Anderson: leia o depoimento de Élcio Queiroz com o relato do dia do assassinato

Brasil de Fato teve acesso à delação do ex-PM que traz detalhes dos acontecimentos de 14 de março

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
Marielle Franco no plenário da Câmara dos Vereadores, em 2017, durante o exercício de seu mandato - Foto: Divulgação

ALERTA DE CONTEÚDO SENSÍVEL

"Ele já estava com o vidro aberto e eu só escutei a rajada; da rajada, começou a cair umas cápsulas na minha cabeça e no meu pescoço... faz um barulho danado, não tinha nem noção; quem pensa que é pouco barulho... mas é muito barulho; aí caíram as cápsulas em mim e ele falou 'vão bora'; eu nem vi se acertou quem, se não acertou."

O relato acima é de Élcio Vieira Queiroz, ex-policial militar, acusado de dirigir o carro que conduzia o assassino da vereadora Marielle Franco, Ronnie Lessa, no dia 14 de março de 2018, data da execução da parlamentar.

Em delação firmada com a Polícia Federal e o Ministério Público Federal, Élcio Queiroz admitiu sua participação no assassinato de Marielle, confirmou que Lessa foi o executor e entregou que o ex-bombeiro Maxwell Simões Corrêa, conhecido como Suel, integrava o grupo que planejou o atentado.

Suel foi preso na última terça-feira (24), em sua casa, no Recreio dos Bandeirantes, zona oeste do Rio de Janeiro, acusado de participar do assassinato de Marielle Franco. Ele já foi condenado, em 2021, por tentar interferir na investigação sobre o crime e cumpria prisão domiciliar.

A delação começou às 14h52, no dia 14 de junho deste ano, no Comando de Aviação Operacional (CAOP), que fica no hangar da Polícia Federal, dentro do aeroporto de Brasília. Até 17h27, Queiroz respondeu perguntas de delegados e promotores, e explicou  seu envolvimento no atentado que matou Marielle.

De acordo com o ex-PM, sua participação começou exatamente no dia do assassinato, quando recebeu uma mensagem de Lessa pedindo que ele dirigisse o Cobalt prata que serviu de transporte para o atentado. Até então, explicou Queiroz, ele nunca havia escutado falar de Marielle Franco e nem sabia que existia um plano para matá-la.

Durante as quase três horas de depoimento, Queiroz narrou os detalhes do dia 14 de março, como a locomoção até a Casa das Pretas, onde a vereadora participaria de uma roda de conversa, a perseguição ao veículo que levava Marielle Franco e o momento dos disparos.

O Brasil de Fato teve acesso à delação de Queiroz e destacou os pontos que ajudam a compreender como os assassinos se movimentaram e executaram Marielle Franco.

A delação

Na abertura do depoimento, o delegado da PF Guilhermo Catramby pede que Élcio Queiroz fale sobre sua relação com Ronnie Lessa e que narre o encontro dos dois na festa que marcou a virada do ano de 2017 par 2018, dentro do condomínio Vivendas da Barra, onde já vivia o ex-presidente Jair Bolsonaro.

É neste evento que aparece, pela primeira vez, o nome de Suel e é quando os investigadores descobrem que Lessa já tinha tentado executar Marielle Franco:

ELCIO: O RONNIE é padrinho de consideração do meu filho Patrick; o Patrick gosta muito dele, ele faz as vontades do Patrick, então a nossa relação é nesse sentido, de família, eu sou amigo da família dele, ele é amigo da minha família.

No dia 31 (de dezembro de 2017), nós passamos nossa família junto com a dele, na casa dele na Barra da Tijuca, no Condomínio Vivendas; já tínhamos bebido bastante, aí em tom de desabafo ele comentou comigo que estava chateado, que ele estava num trabalho já algum tempo e teve a oportunidade de um alvo que seria uma mulher; estava com esse trabalho ele, o SUEL e o MACALÉ; estavam nessa época aí, já um tempo “campanando” esse alvo e teve uma oportunidade de chegar até esse alvo um dia, na área do Estácio, e na hora que foi pra acontecer o fato, o crime, no caso seria uma execução... o piloto (inaudível) do carro era o MAXWELL, o atirador na frente seria o RONNIE, o outro no banco de trás seria o EDMILSON MACALÉ. O RONNIE achou que houve um refugo, o carro deu um problema, pediu pra emparelhar, era um táxi; essa pessoa, essa mulher estaria num táxi e tinha uma oportunidade, só que na hora que ele mandou emparelhar, o carro deu um problema; e o RONNIE desabafou comigo, dizendo que não acreditava que teve problema, que foi medo, refugou; o MAXWELL que refugou no momento que queria, e a função dele era dirigir, do RONNIE seria o atirador; e do MAXWELL seria contenção do local em si, ele teria que descer do carro e sustentar ...MACALÉ.

Novamente indagado pelo delegado Catramby, Queiroz explica a origem da arma utilizada por Lessa no assassinato de Marielle Franco:

ELCIO: Sim, o que eu sei é o que foi passado por ele; essa arma ele adquiriu, segundo ele, tudo eu estou passando segundo ele me passou; de que houve um incêndio no Batalhão de Operações Especiais, no paiol, e essa arma foi extraviada; essa e outras armas foram extraviadas nesse incêndio aí, e essa arma ficou com uma pessoa que eu não sei quem é; essa pessoa conseguiu fazer a manutenção dela e vendeu pra ele; então ele tinha essa arma aí, conseguiu essa arma, por que ele já trabalhou no Batalhão de Operações Especiais, e o que acontece, essa arma já usou em serviço, pela numeração é
de uma pessoa, mesmo policial que está acostumado a trabalhar sempre com a mesma arma; é costume, pessoa eu quero afinar o número 75 já sabe que aquela arma não vai dar problema; então tinha um carinho por aquela arma, que ele usava sempre quando estava em operação no Batalhão de Operações Especiais; e ele reformou ela todinha, deixou ela cem por cento.


Imagem de Élcio Queiroz, no dia em que prestou depoimento, no âmbito de seu acordo de delação premiada com a PF e o MP / Foto: Divulgação

Neste trecho, Queiroz começa a narrar todos os seus passos no dia da execução de Marielle Franco.

ELCIO: No dia 14 de março eu estava de serviço nas Casas Bahia em Santa Cruz da Serra, fazendo acompanhamento; não é nem escolta; acompanhamento, que era só uma pessoa com meu veículo particular, Renault Logan (inaudível); vinha de Santa Cruz da Serra com três caminhões; até depois o senhor tem todos os dados do motorista, localização, GPS e tudo, tem como confirmar; em suma eu vim descendo com os três caminhões; teria que fazer a área de Madureira e Rocha Miranda; acompanhei os caminhões até o Madureira Shopping, dois caminhões ficaram no Madureira Shopping, o outro foi fazendo porta a porta em Rocha Miranda, enquanto os dois ficaram estacionando lá
dentro; a minha função era acompanhar porta a porta a entrega de eletrodomésticos; por volta do meio dia, pelo aplicativo “CONFIDE”, recebi mensagem do RONNIE LESSA perguntando onde eu estava, se estava em casa, enfim se eu estava de folga; por onde eu estava; eu falei que estava trabalhando, e ele perguntou que horas eu sairia; eu falei que estava com esse caminhão, mandei até a foto pelo aplicativo CONFIDE, pra mostrar que eu estava no viaduto de Rocha Miranda em frente o grêmio recreativo de Rocha Miranda; aí mandei pra ele pra realmente ver que eu estava ali, não estava em casa; tô
aqui, tô trabalhando, e não sei que horas vou sair; aí ele falou se até umas dezessete horas... umas dezenove horas... eu estaria liberado; aí eu falei que tinha esse caminhão; tem um outro lá; aí acabou que os caminhões que eu teria que fazer acompanhamento de Madureira, do Shopping Madureira me dispensou; então acabou o serviço duas horas da tarde; aí eu perguntei: mas pra que é? Ele respondeu que era pra dirigir pra ele; aí eu falei, mas qual foi, pra que é? aí eu recebi uma imagem pelo aplicativo CONFIDE; quem conhece sabe que tem que deslocar o dedo, correr o dedo pela tela, então fica tipo uma tarja acompanhando a imagem; não dá pra ver a imagem total, ela vai conforme vai passando o dedo, ela vai correndo; aí depois automaticamente ela se destrói; como eu estava ali meio que parado, dirige não dirige, atento, eu só vi a imagem de várias mulheres reunidas; depois eu soube que era um evento da Casa das Pretas.

DELEGADO CATRAMBY: O Senhor se recorda mais ou menos que horas que o senhor recebeu essa mensagem no CONFIDE?
ELCIO: Foi em torno de meio dia; que ele me chamou foi por volta da hora do almoço, assim...logo em seguida eu sai as duas horas, então quer dizer que não demorou muito; eu acabei logo ali, deve ter sido meio dia em diante; eu sai duas horas; eu falei que estava livre e dispensado...aí ele falou: vai pra casa e eu vou te chamar no momento que for; fui pra casa tomei banho, almocei e fiquei aguardando; tem um jogo lá do Flamengo e Emelec na Libertadores, eu fiquei ali; a minha esposa perguntou se eu ia sair... alguma coisa... eu falei que ia ver o jogo; não falei nada que iria me encontrar com o RONNIE, pra algum tipo de coisa nenhuma; a minha esposa não sabe de nada, eu falei e ela confiou. Então, na sequência ele me chamou e... umas quatro e pouco da tarde pelo CONFIDE; foi só o tempo...vocês tem até na investigação, no caso, o horário exato na
entrada no condomínio; mas foi só até o tempo dele me chamar eu já estava pronto, peguei ali... eu moro do lado da linha amarela...peguei a linha amarela, passei ali pelo (inaudível) e já estava... não peguei horário de rush, cheguei na casa... peguei Ayrton Senna, Lúcio Costa e entrei na casa dele.

DELEGADO CATRAMBY: Ele (Lessa) sentou aonde?
ELCIO: Ele sentou no banco do carona, no banco do passageiro na frente; aí saímos; esse condomínio tem uma saída do outro lado, nós entramos a primeira a direita, quer dizer nós saímos na outra entrada, passamos por dentro tem um “shoppingzinho” ali, uma padaria e tal, saímos ali; acho que sai do lado até de um banco; se eu não me engano o banco é até a esquerda ali; fizemos um retorno e fomos em direção... ele falou vai em direção ao centro, vamos pegar o Alto da Boa Vista; no caminho fui perguntando qual é a situação, aí ele falou que era a vereadora, falou o nome, mas eu não sabia quem era; mas aí eu falei o que é a situação? Ele falou que era pessoal; mas tem dinheiro nisso aí, o que é? Aí ele falou não, é pessoal. Aí fomos seguindo, ele foi me orientando.


DELEGADO CATRAMBY: Mas ele sabia então um horário pré-determinado?
ELCIO: Sabia por causa que ele tinha visto que era um local que teria a reunião naquele horário, no caso, acho que as 19 horas.

DELEGADO CATRAMBY: Você sabe qual foi a origem dessa informação?
ELCIO: Eu acho que foi do Instagram.

DELEGADO CATRAMBY: Do Instagram da vereadora?
ELCIO: É, por que ele me mandou essa...a mesma foto; eu não se se foi da vereadora ou da Casa das Pretas; mas que veio a imagem pra mim do local, então, uma coisa leva a outra, né... então acredito que ele fez por Instagram.

DELEGADO CATRAMBY: Ele falou que vocês tinham que chegar lá até que horas, ele falou alguma coisa?
ELCIO: Falou... acho que até as 19 horas...dezenove não...é, sete horas...é dezenove horas... aí sete horas ele ficou preocupado; não viu nada, não viu movimento, acho que acabou, até o evento já era; ele (RONNIE): dá mais uma volta pra gente ver; aí dei mais uma volta; procura um lugar pra estacionar, que não tinha; com muito custo ali, paramos ali – onde tem as imagens amplamente divulgadas – nós estacionamos; nesse instante; ele para ali e fala o seguinte: agora você precisa me ajudar...aí eu não entendi muito bem...aí ele começou a arriar o banco; deixou totalmente na horizontal pra passar pra trás, na parte do banco de trás; nisso que ele vai pra parte de trás a perna dele...não tem como ele levar a perna, isso que eu tinha que ajudar; conduzir a perna dele; não tem aquela situação dele se arrastar da esquerda pra direita.

DELEGADO CATRAMBY: O carro balançou por que ele saiu da frente pra trás?
ELCIO: Ele saiu da frente pra trás; aquilo que foi feito pela perícia não tem nada a ver; ele parou e ele é muito grande, então ele ficou naquele túnel ali com uma perna de um lado e a outra de outro, dentro do automóvel ali, e eu fui ajustando o banco; nesse momento que eu estou ajustando o banco, que eu olho para o retrovisor, ele já estava colocando o casaco, tipo que se equipando, vamos dizer assim, se preparando; botou o casaco; daqui a pouco ele tira a metralhadora; no caso a arma do crime; coloca o silenciador; e ele nesse momento, até uma coisa assim que eu não esperava, ele pegou um binóculo, e ficou com o binóculo; nisso o carro desligado e totalmente fechado; aí a gente começou a ver uma movimentação ali do lado, a movimentação parecia ser uma
pequena...(inaudível) um tráfico de drogas; aí bateram no vidro e ele disse para ficarmos em silêncio; aí foi abafando, abafando...e ele olhando e olhando; ai teve uma hora que saiu uma senhora lá, e depois eu vi que era parecidíssima com a vítima, o tipo de cabelo e tal; aí ele falou eu acho que é ela...não é ela não; então quer dizer, ele sabia exatamente como que era a pessoa; o perfil, quer dizer, não é  só o rosto, ele sabia identificar a pessoa; eu não sabia quem era, não sabia distinguir uma da outra, nunca tinha visto; aí nesse momento ele falou assim: “cara, tá abafado, então liga aí só o ar condicionado....liga aí se não tiver jeito”; por que eu falei que estava embaçado os vidros, vai chamar atenção; aí ele falou liga o carro; aí nesse momento que ele falou liga o carro, o COBALT, mesmo não acionando a lanterna no momento que liga, o painel acende e vem aquela luminosidade; aí quando ele percebeu a luminosidade ele mandou uma touca para tapar a claridade, uma touca ninja; aí coloquei, eu tapei... então, justamente aquela imagem que aparece na televisão, daquela iluminação assim, não é celular nenhum, foi o painel que refletiu a luz pra fora e eu tapei com a touca.

DELEGADO CATRAMBY: Em qual momento você soube qual era o objetivo ali do RONNIE? Quando o senhor entrou dentro do carro, o senhor já sabia?
ELCIO: Eu sabia, mas ele não falou com essas palavras de executar e tal, só falou que era um trabalho; eu perguntei se era o dinheiro e tal, mas até então, eu não estava sabendo exatamente o que era, poderia ser sim uma execução, mas até então, ele não falou com essas palavras; mas no momento que passa pra trás, se equipa, coloca uma arma, bota silencioso...a MP5 são dois tipos de trava, já destravou, pá, pá, pá...todos os tipos de trava foram tirados; são três tipos de trava; eu já sabia que era execução; quando a senhora apareceu, ele falou assim, com essas palavras: “tô pensando em pegar aqui mesmo”...; pegar a gente já sabe que é matar; aí eu falei: tá louco, fazer isso aqui no meio.

DELEGADO CATRAMBY: Aqui mesmo na Casa das Pretas?
ELCIO: Ali, no caso se ela aparecesse ali seria feito ali naquele local; eu falei, olha as câmeras; ele disse não... a gente não vai fazer nenhuma loucura. Aí apareceu... o motorista dela já estava em pé ali com o telefone na mão e tal, e nisso ele tá no banco de trás, já com o telefone verificando...como se diz, local pra se... conforme a gente saísse dali, pra gente ver se teria algum obstáculo na frente, alguma operação da Polícia Militar, nesse sentido; eu não vi o que ele digitou, não vi se ele botou no aplicativo “Waze” ou “Google Maps”; ele tinha falado “Google Maps”, mas eu tinha falado pra ele botar no “Waze”, que o “Waze” marca direitinho onde tem engarrafamento e onde que não tem.

DELEGADO CATRAMBY: E esse celular...e essa pesquisa foi realizada ali quando vocês estavam na Casa das Pretas?
ELCIO: Isso, isso, ali...dali na hora do momento que ela saiu, ele falou: “é ela”, aí ela deu a volta – aparece até na televisão que ela deu a volta – só que ela fala com uma pessoa; ela tá falando com uma pessoa, com uma senhora, só que tinha uma pessoa na porta, na porta da casa, desse sobrado; ela fala alguma coisa com a pessoa; e eu achei que essa senhora estava se despedindo dela, que ela iria embora, mas não, só que essa pessoa entrou no carro...e quando entrou no carro, aí eu falei: e agora, e essa senhora? Achei que ia abortar a missão, mas ele falou pra ficar tranquilo que não ia pegar nela não, ele me tranquilizou; aí nisso ela entrou e o carro saiu. Dando continuidade, o veículo saiu e eu fui atrás, só que ele estava muito veloz, ele saiu logo...aí ele falou pra manter um pouco de distância e eu falei que estava tomando distância...não houve nenhum assim...no percurso, nada que parasse o veiculo dela e nem o nosso, os sinais estavam...a rua estava tranquila; a Rua Mem de Sá ali...Frei Caneca, não sei...estava tudo tranquilo, sinais abertos e ele estava andando bem; teve um momento que um carro começou...apareceu até na televisão que era um Logan, mas eu tenho quase certeza que era um Vectra rebaixado com o vidro preto, muito preto, com as rodas pretas e a gente achou que era carro de polícia; e se acontecesse alguma coisa, poderia tomar tiro desse carro... então fomos indo, indo...só que ele foi tomando distância e quando chegou ali perto do Hospital da PM, tem uma viatura que fica ali no Morro do São Carlos, parada, e o sinal de pedestre... mas antes disso, eu pensei que estava se distanciando, vamos perder de vista, e ele falou pra ficar tranquilo, que se não pegar aqui, tem uma situação que ela pára, que é um barzinho, eu não sei nem se ela bebia; sei que para nesse bar pra beber alguma coisa, inclusive já deu até medalha pra essa senhora, da ALERJ ou Assembleia Legislativa, ela recebeu uma moção no caso; Então, quer dizer, não tinha jeito, ele ia fazer de um jeito ou de outro; aí quando eu ia parar no sinal, o carro já tinha passado, ele fala tinha uma passagem e esse Vectra parou e todo mundo parou; e ele viu que era sinal de pedestre e disse para avançar que era de pedestre; no momento que a gente avança e eu entro a primeira a direita naquele largo do Estácio, o carro estava parado transversalmente e aguardando um veículo passar por ele pra ele poder entrar naquela rua, pra atravessar ali o viaduto...aquele viaduto ali; o veículo estava parado esperando uma oportunidade pra poder entrar, e nesse momento ele falou: é agora e emparelha...emparelha no caso a minha janela com a...porque no caso ela estava...emparelha a minha janela com a de trás do lado direito...o mesmo que ele falou lá atrás retomando...vai ter que ser pelo lado direito do carona direito, eu me lembrei agora desse fato, traseiro direito.

DELEGADO CATRAMBY: Por que vocês tiveram o visual dela entrando dentro do carro?
ELCIO: Isso, justamente. Ele já estava de touca esse tempo todo depois que a gente saiu; ele já estava com a touca ninja. Nesse momento que está parado, esperando pra entrar, eu emparelhei e botei meu vidro...a minha janela paralela ao carona do carro do ANDERSON; não vi, pois o vidro é escuro; ele já estava com o vidro aberto e eu só escutei a rajada; da rajada, começou a cair umas cápsulas na minha cabeça e no meu pescoço; (inaudível) quem pensa que silencioso...mas faz um barulho danado, não tinha nem noção; quem pensa que é pouco barulho... mas é muito barulho; aí caíram as cápsulas em mim e ele falou “vão bora”; eu nem vi se acertou quem, se não acertou.

Edição: Thalita Pires