O grupo de militares que sequestrou o agora ex-presidente do Níger, Mohamed Bazoum, realizou uma transmissão em rede nacional na noite desta quarta-feira (26/07), de dentro do palácio presidencial, para anunciar que estava tomando o poder no país, colocando fim ao governo do mandatário que continua sendo mantido como refém.
A transmissão durou pouco mais de quatro minutos e mostrou dez membros do grupo militar insurgente, liderados pelo coronel major Amadou Abdramane, que leu o comunicado para a nação. Segundo a imprensa local, também foi ele quem comandou a operação que resultou no sequestro de Bazoum.
Segundo Abdramane, o grupo agiu em função da “necessidade de colocar fim ao regime que vem deteriorando a segurança e as instituições do país”.
Durante o comunicado, o líder insurgente admitiu que seu grupo não contava com o apoio do alto comando das Forças Armadas, mas sim do general Omar Tchiani, que era chefe da guarda presidencial do Níger e foi demitido por Bazoum recentemente.
Contudo, Abdramane assegurou que as Forças Armadas nigerinas acabaram entregando seu apoio ao grupo pouco antes de ele decidir fazer a transmissão, e que tal medida teria sido o elemento que consolidou o fim do governo de Bazoum.
O líder insurgente também afirmou que as Forças Armadas fecharão as fronteiras do país para impedir qualquer tipo de intervenção estrangeira, e que será imposto um toque de recolher em todas as cidades do país.
Histórico de golpes de Estado
O Níger era uma antiga colônia francesa no Noroeste da África, que alcançou sua independência em 1960. Desde então, o país teve cinco presidentes civis, sendo que os três primeiros foram vítimas de golpes de Estado: Hamani Diori (primeiro presidente da história do país), em 1974; Mahamane Ousmane, em 1996; e Mamadou Tandja, em 2010.
Também houve um golpe de Estado contra o presidente militar Ibrahim Baré Maïnassara, em 1999, em ação ainda mais violenta, já que terminou com o assassinato do então mandatário.
O golpe contra Bazoum foi, portanto, o quinto registrado nos 63 anos de história do país, e interrompe um período democrático de 12 anos, desde a posse do presidente civil Mahamadou Issoufou, em abril de 2011.
* Com informações de RT.