Caso revelado pelo Coaf lembra esquemas de rachadinha que envolvem os membros da família Bolsonaro
Um relatório do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) apontou uma movimentação, no mínimo atípica, de R$ 3,7 milhões em apenas 10 meses, pelo tenente coronel Mauro Cid, o ajudante de ordens de Jair Bolsonaro.
As movimentações aconteceram entre julho de 2022 e maio de 2023, período que compreende, inclusive, as eleições presidenciais. O caso revelado pelo Coaf lembra e muito os esquemas de rachadinha que envolvem os membros da família Bolsonaro e o próprio ex-presidente.
:: PIX de R$ 17 mi para Bolsonaro e transações atípicas de Mauro Cid serão investigadas por CPMI ::
Bolsonaro, inclusive, nunca explicou de onde saíram os R$ 89 mil em cheques, depositados na conta da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro.
Mauro Cid está preso desde maio, quando uma operação da Polícia Federal acusou Cid de ter ajudado a forjar cartões de vacina contra a covid-19 para que Bolsonaro e seus familiares ingressassem nos Estados Unidos.
Este é um dos destaques do Tempero da Notícia, programa produzido pelo Brasil de Fato, que nesta semana tem apresentação do jornalista José Eduardo Bernardes.
Lacunas
Élcio de Queiroz fez delação premiada e apontou o ex-policial militar Ronnie Lessa como responsável pelos disparos que mataram a vereadora Marielle Franco e seu motorista, Anderson Gomes, em 14 de março de 2018.
Élcio, que também é um ex-militar, admitiu ter dirigido o carro que emparelhou ao lado do veículo onde estava Marielle, quando a vereadora deixava uma reunião no centro do Rio de Janeiro. A versão de Élcio traz muitos elementos novos, contradizendo inclusive, depoimentos anteriores feitos por ele mesmo. Ele se disse traído por Lessa, que não teria contado ao colega que pesquisou o CPF de Marielle dias antes do assassinato.
:: Caso Marielle e Anderson: leia o depoimento de Élcio Queiroz com o relato do dia do assassinato ::
Os dois haviam dito em depoimento que se encontraram no condomínio Vivendas da Barra, o mesmo onde reside o ex-presidente Jair Bolsonaro e que de lá foram a um bar ver um jogo. Entre esses elementos novos, está a prisão de Maxwell Simões Corrêa, o Suel. O ex-bombeiro emprestou seu carro para armazenar armas de Ronnie Lessa, que depois foram jogadas no mar.
Panela de Pressão
Quem vai para a Panela de Pressão desta semana é o economista Márcio Pochmann, que assumirá o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), responsável pelo Censo nacional e pela pesquisa e divulgação de diversos índices importantes, como a inflação.
Pochmann é um economista e acadêmico respeitadíssimo por seus pares. Até 2020, era professor titular do Instituto de Economia da Unicamp. Se aposentou, mas segue na instituição como voluntário. Como um quadro técnico, foi presidente do Ipea, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada entre 2007 e 2012 e também concorreu às eleições para a prefeitura de Campinas em 2012 e 2016, pelo Partido dos Trabalhadores, do qual é filiado.
:: Quem é Marcio Pochmann, o novo presidente do IBGE? ::
Agora, Pochmann assume um desafio de tocar um instituto extremamente respeitado e que já funciona muito bem. O problema são as pressões que foram criadas em torno de sua nomeação, como escolha pessoal do presidente Lula.
Simone Tebet, ministra do Planejamento e outros membros do governo federal chegaram a reclamar da nomeação. Mas o maior enfrentamento é contra os economistas mais liberais, que atuam como comentaristas de veículos de comunicação do país. Já teve de tudo, desde piadas com o Tweets do professor da Unicamp, até alusões de que Pochmann poderia forjar números estatísticos do IBGE.
Cafezinho
E o nosso Cafezinho da semana é uma homenagem ao mestre João Donato, um dos maiores nomes da música brasileira, que faleceu na última segunda-feira, 17 de julho.
João morreu aos 88 anos, vítima de uma pneumonia. Começou tocando acordeon nos anos 1940 e já nos anos 1950 gravava seu primeiro disco, com produção de Tom Jobim. Donato se tornou um dos precursores da Bossa Nova, gravando parcerias, inclusive, com João Gilberto, em 1958.
:: Ícone da Bossa Nova e do jazz, o multi-instrumentista João Donato morre aos 88 anos ::
Mas Donato sempre pensou à frente. Deixou os formalismos da bossa nova pra fundir o gênero ao jazz e a música caribenha, especialmente a música cubana.
Parceiro dos maiores nomes da música nacional como Caetano Veloso, Gal Costa, Gilberto Gil e Marcos do Valle, entre tantos outros, Donato viveu até o fim de sua vida compondo e cantando pelo Brasil.
Onde assistir
O Tempero da Notícia vai ao ar todas as sextas-feiras, às 20h, no canal do Brasil de Fato YouTube e na TVT, canal 44.1 – sinal digital HD aberto na Grande São Paulo e canal 512 NET HD-ABC.
Moradores do estado de São Paulo podem acompanhar o programa pela Rádio Brasil Atual (98,9 FM na Capital Paulista e 93,3 FM na Baixada Santista), nos mesmos horários.
As edições também estão disponíveis nas plataformas de podcasts e podem ser escutadas no Deezer, Spotify, Google Podcasts, Itunes e Pocket Casts.
Edição: José Eduardo Bernardes