Fruto das lutas de mulheres negras, o Brasil elegeu um número recorde de mulheres declaradas negras na Câmara dos Deputados, nas eleições de 2022. Ao todo, cerca de 91 deputadas federais foram eleitas, sendo a maior representação de mulheres pretas ou pardas da história do parlamento brasileiro. Apesar do número expressivo, a representatividade ainda é baixa: o número representa 8% do Congresso Nacional, em um país que tem 56% da população autodeclarada preta ou parda.
Outro desafio ainda é a violência política de gênero. No país que ainda não solucionou o assassinato da ex-vereadora Marielle Franco, cerca de sete casos de violência política contra mulheres negras ocorrem a cada 30 dias, de acordo com dados do Conselho Nacional de Justiça. Desde a tipificação da violência política contra mulher, sancionada em lei em 2021, o Ministério Público Federal contabilizou cerca de 112 casos.
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Para a ministra do Tribunal Superior Eleitoral, Claudia Bucchianeri, o ambiente político ainda é muito tóxico para as mulheres, que são “comumente ofendidas, humilhadas, ameaçadas e desrespeitadas exclusivamente em razão da sua condição feminina”. A situação piora no caso de serem mulheres negras.
“São inúmeras as parlamentares negras que demandam proteção especial para si e suas famílias para que possam exercer seus mandatos, dado o volume de ameaças que recebem exclusivamente em razão da política e de sua condição de mulher negra”, afirmou ao portal do CNJ.
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Para Carol Dartora (PT), a primeira mulher negra eleita deputada federal pelo Paraná, é preciso encarar o tema de frente, inclusive dentro dos próprios setores progressistas. Tendo se colocado à disposição do partido para concorrer à prefeitura de Curitiba, Dartora afirma que seu posicionamento é uma resposta ao que considera um pensamento conservador que permeia também a esquerda.
“Desde que anunciei minha candidatura, sinto que existe uma reação negativa de vários setores, sobretudo por eu representar uma candidatura de uma mulher negra que saiu vitoriosa das urnas. É um pensamento retrógrado e conservador que permeia todos os setores, e que tenta diminuir a representatividade das mulheres negras”, afirmou ao Brasil de Fato, em entrevista exclusiva feita no mês passado.
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Fonte: BdF Paraná
Edição: Lia Bianchini