A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga as atividades do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) aprovou nesta terça-feira (1º) a convocação do ministro da Casa Civil, Rui Costa, para depoimento. O pedido, feito por parlamentares ligados ao bolsonarismo (que têm maioria na composição da CPI), não estava previsto na pauta e pegou governistas de surpresa.
A eventual convocação do ministro já tinha sido debatida em julho, mas na época foi descartada após acordo entre os parlamentares que compõem a CPI. Com o pedido agora aprovado, Costa fica obrigado a comparecer para prestar depoimento. Se fosse convidado, ele poderia decidir se iria ou não. A data ainda será divulgada.
O pedido foi apresentado pelo relator da CPI, o deputado federal Ricardo Salles (PL-SP), que foi ministro do Meio Ambiente no governo de Jair Bolsonaro (PL). Salles argumentou que a convocação de Costa segue a lógica da convocação do ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Gonçalves Dias, já que ambos tiveram responsabilidade sobre a Agência Brasileira de Inteligência (Abin).
A base governista tentou impedir a votação. O deputado Alencar Braga (PT-SP), vice-líder do governo, disse que a convocação de Rui Costa não faria sentido. Já a deputada Gleisi Hoffmann (PT-PR) chamou o requerimento de "absurdo". Mais tarde, pelo Twitter, ela disse que a bancada ruralista está "criando cortina de fumaça" contra o Movimento.
Bancada ruralista transformou a CPI do MST na CPI do fim do mundo onde qualquer coisa vale e pode sem seguir o regimento, a lei e o objetivo da comissão. Estão criando cortina de fumaça contra um movimento social tão importante. Mas não foi o MST que invadiu e destruiu prédios…
— Gleisi Hoffmann (@gleisi) August 1, 2023
Além da convocação de Rui Costa, aprovada por 14 votos a 10, os bolsonaristas incluíram outro item que não estava na pauta: a convocação, como testemunhas, de ex-militantes e ex-integrantes do MST na cidade baiana de Prado, proposta pelo deputado bolsonarista Capitão Alden (PL-BA). Com 15 votos a favor e 10 contrários, a convocação também foi aprovada.