Reunidos em Belém (PA) no evento Diálogos Amazônicos, ministros do governo Lula informaram, neste sábado (5), que está em desenvolvimento um programa que deve oferecer linhas de crédito e incentivo para atividades produtivas sustentáveis nas florestas.
Seria uma espécie de Plano Safra (programa governamental que concede crédito para financiar o agronegócio e a agricultura familiar), porém direcionado às populações tradicionais e com um montante menor de recursos. A iniciativa está sendo desenvolvida pelos ministérios do Meio Ambiente e Mudança Climática (MMA), do Desenvolvimento Social (MDS) e do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA).
“Queremos oferecer um programa de florestas produtivas. Que possa recuperar e restaurar parte do que foi destruído ao longo desses anos, com uma produção que vai dar uma rentabilidade alta para a agricultura familiar”, afirmou o ministro do MDA, Paulo Teixeira.
“Estamos voltando para a região Norte uma série de programas existentes que nunca chegaram aqui”, disse Teixeira, exemplificando que por meio do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), “o governo está comprando de áreas indígenas, quilombolas, extrativistas, ribeirinhos”. “Para ter mais investimentos, para que venha para cá o microcrédito”, completou.
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“Para nós a palavra é sociobiodiversidade. Que é desenvolver a vida de 30 milhões de brasileiros junto com a preservação ambiental”, prometeu Paulo Teixeira durante o evento que começou na sexta e segue até o domingo (6).
Com cerca de 10 mil participantes, o Diálogos Amazônicos antecede e visa levar proposições para a Cúpula da Amazônia, que acontece terça (8) e quarta (9) na capital paraense e reunirá chefes de Estado e representantes de 15 países.
“Esse momento é a primeira largada preparatória para os compromissos do Brasil com o Brasil, a região da Amazônia e com o mundo”, avaliou o ministro do Desenvolvimento Social, Wellington Dias.
“Eu quero o Brasil protegendo a natureza. É o que dizem aqui os que vivem na Amazônia. Mas e a fome? E a dificuldade de ter uma renda?” afirmou Dias em coletiva de imprensa.
“Então a gente está nesse lançamento hoje, aumentando os limites e as condições de crédito. Mas do outro lado, o compromisso é único. É possível produzir aves, galinhas, ovos, sem desmatar? Sim. Trabalhar com criação de abelhas e produção do mel favorecendo a floresta? Sim”, exemplificou Wellington Dias.
“Que tal se também, nas propriedades desses pequenos agricultores, a gente investir ali, recuperar unidades devastadas e além de uma floresta, ficar ali também uma produção? Ou seja, uma floresta produtiva?”, propôs o ministro.
Mais cedo neste sábado (5), a ministra Marina Silva também comentou o que chamou de “uma espécie de ‘Plano Safra’ para as populações tradicionais”.
“Estamos priorizando a bioeconomia para ampliar cada vez mais a agregação aos produtos da floresta, a aposta na bioindústria, no cooperativismo e criar novos produtos e cadeias de valor para que essas populações ganhem a autonomia e tenham inclusão produtiva”, disse Marina Silva.
Edição: Raquel Setz