O rosto do general do Exército Mauro Lourena Cid, pai do ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL) Mauro Cid, foi identificado em uma foto utilizada para negociar presentes recebidos pelo Brasil por delegações de outros países.
Ao fotografar uma caixa com portas de vidro, o general fotografou o reflexo de seu rosto. A foto foi tirada com o objetivo de solicitar uma avaliação do objeto em lojas especializadas nos Estados Unidos.
A fotografia foi anexada a um relatório da Polícia Federal (PF) utilizado para solicitar ao Supremo Tribunal Federal (STF) a autorização para buscas e apreensão em endereços ligados a Cid pai, Cid filho e a outros aliados de Bolsonaro.
De acordo com o documento, foi o próprio Mauro Cid que pediu ao pai o envio dos objetos para lojas especializadas. Os presentes foram parar nos Estados Unidos no mesmo avião que levou Jair Bolsonaro ao país, em 30 de dezembro.
Esculturas
O general também tentou vender esculturas douradas em formato de palmeira e de barco, mas não conseguiu, porque descobriu que não eram feitas de ouro maciço, mas apenas folheadas. O assunto foi tratado entre Mauro Cid o então assessor de Bolsonaro Marcelo Câmara.
"(...) aquelas duas peças que eu trouxe do Brasil: aquele navio e aquela árvore; elas não são de ouro. Elas têm partes de ouro, mas não são todas de ouro (...) Então eu não estou conseguindo vender. Tem um cara aqui que pediu para dar uma olhada mais detalhada para ver o quanto pode ofertar (...) eu preciso deixar a peça lá (...) pra ele poder dar o orçamento. Então eu vou fazer isso, vou deixar a peça com ele hoje (...).” As esculturas foram presentes do governo de Bahrein, em 2019.
Kit de joias sauditas
Em outro áudio para Marcelo Câmara, Mauro Cid cita um leilão de joias que ocorreria em 7 de fevereiro de 2023, para o qual enviaria um kit contendo um relógio. Segundo a PF, trata-se de um dos conjuntos de joias presentados a Bolsonaro pela Arábia Saudita. "(...) o relógio aquele outro kit lá vai, vai, vai pro dia sete de fevereiro, vai pra leilão. Aí vamos ver quanto que vão dar(...)", diz Mauro Cid.
Dinheiro vivo
Em outra mensagem, Mauro Cid afirma a Marcelo Câmara que seu pai, o general Mauro Lourena Cid, estaria com US$ 25 mil (cerca de R$ 122 mil) supostamente pertencentes ao ex-presidente. O ex-ajudante de ordens também demonstra necessidade de entregar o dinheiro vivo para que a transição não fosse identificada pelas autoridades.
"Tem vinte e cinco mil dólares com meu pai. Eu estava vendo o que, que era melhor fazer com esse dinheiro levar em 'cash' aí. Meu pai estava querendo inclusive ir aí falar com o presidente (...) E aí ele poderia levar. Entregaria em mãos. Mas também pode depositar na conta (...). Eu acho que quanto menos movimentação em conta, melhor né? (...)’. Marcelo Câmara responde: "Melhor trazer em cash".
Edição: Rodrigo Durão Coelho