Eleições

Longas filas, baixo comparecimento e urnas com defeito marcam prévias argentinas deste domingo

Resultado das PASO, que registrou apenas 68% de votantes, deve ser conhecido somente após às 22h

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
Sergio Massa, ministro da Economia e pré-candidato peronista das eleições de outubro, registrou seu voto em Tigre. - MAXIMILIANO VERNAZZA / ARGENTINA'S ECONOMY MINISTRY / AFP

As prévias argentinas deste domingo (13), chamadas PASO (Primárias, Abertas, Simultâneas e Obrigatórias) foram marcadas por problemas nas urnas eletrônicas, principalmente aquelas utilizadas na capital Buenos Aires.

Até o encerramento das urnas, cerca de 68% dos eleitores aptos a votar registraram seus votos, segundo a Câmara Nacional Eleitoral. Este é o número mais baixo de votantes desde a retomada da democracia na Argentina. 

Ao todo, estavam aptos a votar 35 milhões de pessoas. Deste total, mais de 13 milhões votam na capital argentina onde, ao menos 240 urnas eletrônicas, operadas pela empresa MSA (Magic Software Argentina) apresentaram problemas graves.

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Nas eleições argentinas, as urnas eletrônicas atuam concomitantemente com as urnas de cédulas de papel. A primeira, destinada aos candidatos aos governos estaduais e a segunda aos candidatos à presidência.

A juíza federal María Servini, afirmou que "cerca de um terço das urnas eletrônicas de Buenos Aires registram mal funcionamento". Servini destacou que "algumas máquinas só chegaram à noite, não foram testadas e outras não funcionavam diretamente ou tinham problemas técnicos que colocavam em risco os eleitores".

O responsável por firmar o contrato com a MSA foi o governo de Buenos Aires, ainda em junho de 2022. A MSA não teve concorrência e fechou um negócio milionário com a gestão do peronista Axel Kicillof, que custou cerca de US$ 21 milhões aos cofres do governo local. 

Os problemas, no entanto, não se restringiram à capital. Em toda a Argentina, eleitores enfrentaram filas extensas, com mais de uma hora de tempo de espera. A vice-presidenta Cristina Fernández de Kirchner, que votou na cidade de Santa Cruz, se queixou do tempo na fila: "Uma hora e vinte cinco minutos estive na fila", afirmou.

Já Patricia Bullrich, candidata pelo partido Juntos Pela Mudança, afirmou ter enfrentado dificuldades para registrar sua opção nas urnas em Buenos Aires. "Não pude votar por sete vezes. Os sistemas eleitorais têm que ter um nível de maturidade", disse.   

Quem são os candidatos?

Participam das PASO candidatos aos governos estaduais, ao legislativo e à presidência. Entre os presidenciáveis estão: Sergio Massa e Juan Grabois, que disputam a indicação pelo frente peronista União Pela Pátria; Horácio Rodríguez Larreta e Patricia Bullrich pelo oposicionista Juntos Pela Mudança; Javier Milei pelo Liberdade Avança; e Myriam Bregman e Gabriel Solano, da Frente de Esquerda.

Massa, que é ministro da Economia do governo de Alberto Fernández, se tornou o principal nome dos peronistas para a sucessão presidencial.

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Mesmo sendo um candidato mais ligado ao mercado e à centro direita e vivendo no olho do furacão da crise econômica argentina, Massa ganhou protagonismo pelo aumento de vagas de emprego e a negociação com o Fundo Monetário Internacional.  

Já Horácio Larreta e Patricia Bullrich disputam uma vaga pela coalização do ex-presidente Mauricio Macri.

Se em algum momento a oposição pareceu ganhar fôlego, muito pela crise que assola a economia argentina, as disputas internas fragilizaram o Juntos pela Mudança. Larreta, no entanto, é um dos favoritos a avançar.

Apesar dos baixos números nas pesquisas eleitorais, Javier Milei é um dos principais candidatos a avançar ao segundo turno. Representante da extrema-direita argentina, Milei mantém contato com a família Bolsonaro e com outras lideranças do campo conservador pelo mundo.

O que são as PASO?

As PASO foram criadas em 2009, ainda no primeiro mandato da peronista Cristina Kirchner, mas só passaram a funcionar nas eleições de 2011. O principal objetivo era diminuir o número de candidaturas.

As PASO, no entanto, não funcionam como as prévias estadunidenses, por exemplo, onde há uma definição dos principais candidatos das eleições gerais. Nas prévias argentinas apenas os candidatos que receberam menos de 1,5% dos votos são impedidos de concorrerem nas eleições de outubro.

Elas servem, na verdade, como um grande termômetro do que será levado às urnas no primeiro turno das eleições, marcado para o dia 22 de outubro. Se houver necessidade, o segundo turno será disputado em 19 de novembro.

Edição: José Eduardo Bernardes