Desde o início do ano, o Governo Federal mobiliza uma operação interministerial para garantir o acesso à saúde aos povos Yanomami, de Roraima. Em abril, o Ministério da Saúde inaugurou o Centro de Referência em Saúde Indígena, em Surucucu, no território Yanomami. O centro presta atendimentos de urgência, consultas, exames, tratamento de malária e desnutrição e representa um grande avanço diante da crise humanitária causada pelo abandono da saúde indígena nos últimos anos.
Mas quais são os desafios dos profissionais de saúde que atuam nessa região? A repórter do Brasil de Fato Cristiane Sampaio conversou com a médica Carla Rodrigues, profissional do Mais Médicos e que escolheu atuar na ponta prestando assistência à saúde indígena e diz que recebeu um chamado da floresta para atuar na terra yanomami, maior reserva indígena do país. Segundo ela a malária e a desnutrição ainda são os principais desafios para a etnia. "São doenças que não são de fácil resolução. A malária tem o fator do controle do mosquitos que se reproduzem, os criadouros, temq ue ter um trabalho continui de busca ativa dos pacientes e do controle do tratamento. As vezes demora meses e anos para conseguir controlar doenças como essa", relata a médica que conta que a dificuldade de adentrar o território tamém é um agravante para a resolução do problema.
A médica ressalta que quem vai atuar nessas localidades precisa ter abertura para aprender com essas populações e que a cultura deles precisa ser levada em conta, coisa que não está nos livros de medicina. "No meu imaginário eu achava que não ia ter estrutura nenhuma, então eu vim extremamente preparada, fiz uma mochila consultório, meu pai me ensinou muito sobre acampamento, então eu tinha alguma habilidade sobre esse contexto. Quando eu cheguei, queria ir para lugarres que precisasse, não importava onde", relembra.
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"Eu lembro de um caso com mais de 60 anos, que é uma raridade para um Yanomami, e a equipe de saúde estava preocupada porque ele ia morrer e eu pensei que deveria entender o que a família esperava de mim. Eles queriam que eu fosse lá ver os sinais vitais e ajudasse eles entenderem qual era o momento dele realmente morrer. Não queriam que eu passasse soro nem nada, porque pra eles isso ia dificuldade a subida do espirito. Então ali eu fiquei só na retaguarda, foi um momento mais de observação e estar com a família.", conta a Dra. que atribui a sua atuação aos treinamentos de cuidados paliativos e da saúde da família.
A entrevista completa está disponível no programa desta terça-feira.
Stédile na CPI
João Pedro Stedile depõe hoje na CPI do MST na condição do convocado, ou seja, com participação obrigatória. O fundador e dirigente do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra conversou com o Brasil de Fato e diz estar tranquilo e que esta "indo sem nenhuma preocupação" se referindo a possível prisão decretada pela ala bolsonarista e ruralista presente na CPI. "Vou lá defender os interesses da Reforma Agrária e os interesses do povo brasileiro. Nós não temos nada a temer, o MST é um movimento legitimo, sempre atuaou dentro das regras da Constituição", defende.
O dirigente diz que esperava que a comissão pudesse ser um fórum de debates pudesse ser um fórum de debate sobre os problemas agrários do Brasil. "Nesses três meses nãop vimos nada disso porque a bancada de extrema direita, que nem sequer representa os interesses da frente parlamentar ruralista se dedicou a transformar aqui num circo para fazer todo o tipo de estripulia, como dizemos no Interior, criar factóides sem nenhuma base real e colocar agressões em suas redes sociais que nem sequer extrapolaram a suas bolhas", analisa.
"Eles usam desse instrumento parlamentar para impedir a reforma agrária. Não é atoa que o movimento foi alvo de 3 CPIs durante governos Lula. Por mim, quanto mais demorar melhor, não tenho problema nenhum em ficar lá cinco, seis horas. Eu não estarei nenhum pouco preocupado com o tempo".
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Edição: Camila Salmazio
