A Rússia realizou um amplo ataque de mísseis de cruzeiro em várias regiões ucranianas nesta terça-feira (15). Os bombardeios atingiram a parte ocidental do país, perto da fronteira da Polônia, em meio à elevação da tensão entre Moscou e Varsóvia.
De acordo com as Forças Armadas da Ucrânia, a Rússia lançou um total de 28 mísseis aéreos e marítimos, sendo que 16 deles foram abatidos. Os bombardeios atingiram também as cidades de Lutsk e Dnipro. Pelo menos três pessoas morreram.
"Segundo as primeiras informações, infelizmente, há três mortos e três feridos", declarou o prefeito da cidade de Lutsk, Igor Polishchuk, em seu canal no Telegram.
Os ataques desta terça-feira chamam a atenção por atingir uma região da Ucrânia que vinha sendo mais poupada durante a guerra e por aproximar os ataques à fronteira da Polônia, país membro da Otan, a aliança militar ocidental. A cidade de Lutsk fica a cerca de 100 km da Polônia, já Lviv fica a cerca de 150 km do país vizinho.
Os bombardeios se aproximam da Polônia em meio a um aumento de tensão entre Moscou e Varsóvia. Na última semana, a Rússia anunciou que irá reforçar a presença militar na fronteira entre a Polônia e Belarus, país aliado de Moscou. A Polônia também anunciou que irá aumentar o número de tropas na fronteira com Belarus por conta da presença do grupo Wagner no país após o batalhão de mercenários se deslocar da Rússia após o motim de Yevgueny Prigozhin.
A Polônia, por sua vez, planeja realizar nesta terça-feira (15) um grande desfile militar em comemoração do Dia do Exército Polonês, exibindo 200 unidades de equipamentos militares poloneses e estrangeiros, 92 aeronaves e 2.000 militares. O evento é encarado como uma demonstração de força em meio à tensão na fronteira com Belarus.
Tudo isso acontece após acusações do presidente russo, Vladimir Putin, contra a Polônia. Segundo ele, o país planeja criar uma aliança com Kiev, alegando motivos de segurança, para, na realidade, realizar uma ocupação militar na região ocidental da Ucrânia.
Sem especificar detalhes e evidências que sustentem essas acusações, Putin declarou em meados de julho que a Polônia planeja ocupar o território da Ucrânia e que também estaria almejando terras de Belarus.
"Quanto aos líderes poloneses, eles provavelmente esperam formar algum tipo de coalizão sob o guarda-chuva da Otan e intervir diretamente no conflito na Ucrânia para então 'arrancar' um pedaço mais gordo para si mesmos, e recuperar, como eles acreditam, seu territórios históricos – a atual Ucrânia ocidental", disse Putin na ocasião.
Edição: Rodrigo Durão Coelho