O depoimento do hacker Walter Delgatti Neto complica demais a situação do ex-presidente Jair Bolsonaro. Ele disse, por exemplo, que teve reunião com o ex-presidente no Palácio da Alvorada, levado pela deputada Carla Zambelli, em que foi pedido diretamente pelo presidente para fraudar as urnas eletrônicas com a promessa de receber um "indulto" direto dele caso fosse preso pelo ação. Ao final da reunião, Bolsonaro deu a ordem para que fosse encaminhado ao Ministério da Defesa, lá sendo recebido pelo ministro da pasta. Depois participou de mais quatro reuniões com técnicos do ministério, sendo o autor intelectual do relatório apresentado pela pasta que questionava a integridade das urnas.
Uma segunda conversa com o presidente teria acontecido, segundo o depoimento, por celular, num posto de gasolina, em que teria sido pedido pelo presidente ao hacker para que assumisse a autoria de um grampo no telefone do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Segundo o depoimento de Delgatti, o grampo teria sido feito por agentes de um país estrangeiro. O hacker aceitou a oferta, mas a divulgação acabou não acontecendo.
Tic-Tac
O depoimento de Delgatti à CPMI, e seu depoimento à Polícia Federal no dia anterior, pode complicar a situação do ex-presidente e levá-lo à cadeia. Segundo postagem no Twitter do senador Randolfe Rodrigues, "O depoimento de Delgatti deixa claro que um presidente em pleno exercício de seu mandato foi CÚMPLICE de atentados contra o mesmo Estado Democrático de Direito que o elegeu. A tentativa de golpe vai ganhando cara, nome e sobrenome… Tic, tac…"No depoimento Delgatti disse ainda que foi responsável por invadir o sistema do Conselho Nacional de Justiça e de vários outros tribunais para postar lá um falso mandato de prisão de Alexandre de Moraes. O texto teria mandado a ele pela deputada Carla Zambelli, que editou e pôs no sistema. E que fez oferta a um funcionário da empresa telefônica Tim para conseguir um clone do chip do celular de Moraes. A iniciativa não der certo por conta da recusa desse funcionário.