respeito à ciência

Com Lula e Simone Tebet, Pochmann assume IBGE: base de dados para 'pensar o Brasil'

Economista afirmou que o momento é de "reconstrução e ampliação de horizontes"; ministra enfatizou importância do Censo

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Cimar, Alckmin, Lula, Pochmann e Simone Tebet: novo presidente do IBGE citou desafio das transformações globais - Marcelo Camargo/Agência Brasil

Ao assumir a presidência do IBGE, na manhã desta sexta-feira (18), o economista e professor Marcio Pochmann destacou as transformações sociais e geopolíticas do Brasil e do mundo e ressaltou a importância de uma base de dados sólida para o planejamento e a organização de políticas públicas. Ao lado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do vice, Geraldo Alckmin, e da ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, ele ressaltou a "dupla função estratégica" do instituto.

"De um lado, o espelho reflexivo da nação, o verdadeiro cartão de apresentação do Brasil ao mundo. De outro lado, a bússola de movimento da nação", afirmou. Para Pochmann, o mundo vive um período de transformações históricas, com deslocamento do "centro dinâmico" do ocidente para o oriente, avanço da era digital e fenômenos climáticos com efeitos desafiadores para as transformações demográficas.

Pacto estatístico

Segundo ele, a criação do IBGE, nos anos 1930, significou uma pacificação do que chamou de "focos de resistência ao regime de cooperação administrativa", com o estabelecimento de um “pacto estatístico” com o governo central e os estaduais. Assim, o novo presidente ressaltou a "soberania das informações" produzidas pelo instituto, colaborando para o fortalecimento de um Estado indutor de políticas públicas.

Sem citar nomes, Pochmann disse que o IBGE esteve submetido a uma de suas "piores situações", mas contou com a "resistência valorosa e destemida de seus servidores". "A hora é de reconstrução e de ampliação de horizontes", afirmou, falando em interlocução com os funcionários do instituto e "submissão" à ministra. Ele destacou também seus quase 40 anos "dedicados ao conhecimento e ao ensino" e a importância da produção de dados com rigor técnico e científico. "A principal riqueza de uma nação é o seu povo", completou.

Celso Furtado e Chico Buarque

Se começou o discurso citando Celso Furtado ("Um grande brasileiro, que nos estimula muito a continuar na tarefa de pensar o Brasil"), que dá nome ao auditório do ministério, ele terminou parafraseando Chico Buarque, com a música Paratodos: "Eu, Marcio Pochmann, sou professor e economista brasileiro".

Simone Tebet deu as boas-vindas ao novo presidente do IBGE, que desde o início do ano era comandado interinamente pelo diretor Cimar Azeredo. Ela afirmou que a presença de Lula – que não discursou – era demonstração de respeito a ciência e por políticas públicas estabelecidas a partir de evidências e dados. Acrescentou que, em seis meses, o governo conseguiu recompor todos os programas sociais abandonados pela gestão anterior, marcada por retrocesso civilizatório.

O fiscal e o social

A ministra citou o pacote fiscal "com foco absoluto com no compromisso com o social" e agradeceu aos presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), pela tramitação. Segundo ela, a melhoria econômica já fez a projeção para o Produto Interno Bruto (PIB) deste ano sair de menos de 1% para mais de 2%.

Simone Tebet destacou ainda a importância do Censo 2022, concluído com recurso do atual governo. Assim, o levantamento beneficia as políticas públicas, mas as do setor privado e dos movimentos sociais. Ela afirmou que a maior dificuldade dos recenseadores foi "entrar nos condomínios de luxo". Disse que o Brasil está "envelhecendo rapidamente e mal", com queda da taxa de natalidade e crescimento da população acima de 60 anos muito maior que a da faixa até 14 anos.

Ela concluiu sua fala afirmando unidade do governo. "Não há duas estradas, dois caminhos, não há mão ou contramão", afirmou. A "mão única" consiste, como costuma dizer o presidente, em colocar o pobre no orçamento e diminuir a desigualdade.