A reunião agendada para esta terça-feira (22) da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) referente aos acontecimentos de 8 de Janeiro terá como pauta a votação de requerimentos. É o primeiro encontro da comissão desde o depoimento de Walter Delgatti, que associou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) a um esquema para fraudar as urnas eletrônicas.
Após o depoimento de Delgatti, parte dos parlamentares passou a defender a quebra de sigilo bancário e telemático de Bolsonaro e da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro. A relatora, senadora Eliziane Gama (PSD-MA), também defende a quebra de sigilos de Delgatti e de militares que participaram de uma suposta reunião no Ministério da Defesa com o intuito de planejar uma fraude no sistema eletrônico das urnas.
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No depoimento à CPMI, na semana passada, Delgatti afirmou que o ex-ministro da Defesa Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira facilitou o acesso à sede da pasta, em Brasília, e aos funcionários especialistas em tecnologia da informação para tentar criar um código-fonte falso das urnas eletrônicas a fim de fraudar as eleições presidenciais de 2022.
A ponte entre Paulo Sérgio Nogueira e Walter Delgatti Neto teria sido feita pelo próprio ex-presidente Jair Bolsonaro após uma reunião no Palácio do Alvorada, que teria ocorrido em 10 de agosto do ano passado. Na ocasião, segundo o hacker, estavam presentes Bolsonaro, a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP), o ex-ajudante de ordens Mauro Cid e o assessor da Presidência Marcelo Câmara.
“A conversa foi bem técnica até que o presidente me disse: a parte técnica eu não entendo, vou te enviar para o Ministério da Defesa, por meio do general Marcelo Câmara, e lá você explica, a despeito da resistência de Marcelo Câmara em levá-lo”, disse Walter Delgatti Neto aos parlamentares da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) na última quinta-feira (17).
“Ele me disse que eu estaria salvando o Brasil. Nisso essa conversa foi evoluindo e chegou na parte técnica. Recebi garantia de proteção, receberia um indulto do presidente. Com as cautelares de proibição de acessar a internet que eu tinha, foi oferecido esse indulto.”
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Nessa linha, a senadora Eliziane Gama também quer votar a quebra de sigilo telefônico e telemático do general Paulo Sergio Nogueira, colocando os militares na mira da CPMI do 8 de Janeiro. Além de Nogueira, devem ser alvos da comissão Gonçalves Dias, ex-ministro-chefe do GSI no governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e Júlio César de Arruda, ex-comandante do Exército substituído pelo presidente Lula após o 8 de janeiro.
Edição: Vivian Virissimo