Biko Rodrigues, da Coordenação Nacional da Articulação de Quilombos (Conaq), acredita que a disputa fundiária foi o principal motivo do assassinato de Mãe Bernadete, liderança quilombola da cidade Simões Filho, na Bahia. Ela foi morta a tiros, na última quinta-feira (17), dentro de casa e diante dos netos.
"Foi um assassinato pela disputa fundiária e especulação imobiliária. Ela já vinha sendo ameaçada. O Estado falhou ao não dar segurança para ela e sua família", contou
Kiko participou do programa Central do Brasil desta terça-feira (22) e comentou o contexto político da morte de Bernadete e como a comunidade foi impactada pelo crime.
:: Liderança quilombola Mãe Bernadete foi assassinada na Bahia ::
"Tirou parte da nossa história. Mãe Bernadete era uma liderança, uma coordenadora que lutava pela defesa do território, para que todas as comunidades fossem regularizadas. Uma pena ela ter tombado antes de ver o próprio território regularizado", contou.
Os familiares de Mãe Bernadete foram retirados do quilombo Pitanga dos Palmares por medida de proteção. O território é historicamente alvo da especulação imobiliária industrial e por empreendimentos públicos e privados de grande porte, de acordo com o Mapa de Conflitos da Fundação Oswaldo Cruz
Além disso, o coordenador da Conaq destacou o racismo fundiário em vigor no Brasil, em que a população negra é excluída dos territórios e não tem acesso à terra.
"70% das pessoas, hoje, que estão sem terra - seja nos grandes centros ou nas periferias - são pessoas negras, que é fruto desse racismo fundiário. Quando houve a abolição da escravatura, nosso povo não teve acesso à terra", analisou.
A entrevista completa está disponível na edição de terça-feira (22) no canal do Brasil de Fato no YouTube.
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O Central do Brasil é uma produção do Brasil de Fato. O programa é exibido de segunda a sexta-feira, ao vivo, sempre às 13h, pela Rede TVT e emissoras parceiras espalhadas pelo país.
Edição: Thalita Pires