A prisão de membros da cúpula da Polícia Militar do Distrito Federal, sob suspeita de conivência com os atos golpistas do 8 de Janeiro, e do ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), Mauro Cid, envolvido nas fraudes de cartões de vacina contra a covid-19, e também no caso da venda de joias recebidas pelo ex-presidente, colocaram as Forças Armadas novamente na berlinda. Para oficiais do Exército, o Judiciário estaria tensionando as relações com os militares.
Nesta quarta-feira (23), o ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, afirmou que pedirá à Polícia Federal e ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), os nomes das pessoas que receberam Walter Delgatti, o hacker da Vaza Jato, na sede do ministério, a pedido de Jair Bolsonaro (PL), para discutir possíveis fragilidades da urna eletrônica de votação.
Para o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, no entanto, o posicionamento das Forças Armadas a respeito das irregularidades “foi muito importante”. “Eles se posicionaram firmemente no sentido de que tem que punir qualquer responsável, de que não vamos pactuar com quem cometeu crimes”.
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Na avaliação de Padilha, “o conjunto das instituições – imprensa, civis, militares, Congresso Nacional e Judiciário – foram contaminadas pelos quatro anos de ódio semeado contra a democracia, pelo governo anterior”.
“Nós estamos fazendo esse processo de reabilitação e, nesse processo, é fundamental não generalizar a postura individual ou mesmo de dirigentes, como se fosse uma coisa da instituição, e punir de forma veemente todos aqueles que tiverem comprovação de terem participado, executado, planejado ou financiado os atos do 8 de Janeiro”, completa o ministro, em entrevista exclusiva ao BDF Entrevista.
O ministro é assertivo: “Não vamos titubear em investigar, apurar e punir quais foram os responsáveis pelo golpe. Tem que ser pedagógico para o Brasil como um todo, para a sociedade, para as instituições envolvidas nisso, para a política”.
Edição: Rodrigo Chagas