O ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre Moraes proibiu nesta sexta-feira (25) que o tenente-coronel Mauro Cid - atualmente detido - tenha contatos com o ex-presidente Jair Bolsonaro e a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro.
A determinação também se estende aos outros investigados no inquérito sobre a suposta venda ilegal dos presentes recebidos pela presidência da República e os atos do oito de janeiro. A decisão do ministro também proíbe o contato de Mauro Cid com sua esposa, Gabriela Cid.
O ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro está preso em um Batalhão do Exército, em Brasília, desde maio, por causa das investigações que apuram um esquema de fraude nos cartões de vacina contra a covid-19.
Segundo a decisão de Alexandre de Moraes, a análise feita pela Polícia Federal nos dados encontrados no celular de Mauro Cid apontam para a existência de novos fatos e pessoas que estão diretamente envolvidas em várias frentes de investigações, como o caso das joias e os atos golpistas.
De acordo com a CNN Brasil, a Polícia Federal encontrou no celular de Mauro Cid indícios de que militares da ativa financiaram os atos golpistas e uma tentativa de golpe após as eleições. Em documento da PF obtido pela emissora, os investigadores destacam a existência de mensagens que confirmam a participação dos militares.
"Análise parcial dos dados armazenados no aparelho telefônico” de Cid e de sua mulher, Gabriela Santiago Cid, identificou “várias mensagens postadas em grupos e chats privados do aplicativo WhatsApp, em que os interlocutores, incluindo militares da ativa, incentivam a continuidade das manifestações antidemocráticas e a execução de um golpe de Estado após o pleito eleitoral de 2022, inclusive com financiamento aos atos ilícitos.”
Ainda de acordo com a PF, Mauro Cid teria atuado para reunir documentos para dar suporte jurídico para um eventual golpe de Estado.
Na decisão, Moraes também afirmou que a análise do aparelho de Cid revelou indícios de que houve desvios de presentes recebidos pela presidência da República e “posterior ocultação da origem, localização e propriedade dos valores provenientes”
A proibição de contato com Mauro Cid, segundo o ministro, é para preservar as investigações
"Evidentemente, neste caso, a incomunicabilidade entre os investigados alvos das medidas é absolutamente necessária à conveniência da instrução criminal, pois existem diversos fatos cujos esclarecimentos dependem da finalização das medidas investigativas, notadamente no que diz respeito à análise do material apreendido e realização da oitiva de todos os agentes envolvidos”, escreveu o ministro, em material divulgado pelo portal G1.
Nesta sexta-feira(26), Mauro Cid prestou depoimento à Polícia Federal a respeito da visita do hacker Walter Delgatti ao Palácio da Alvorada, as tentativas de invadir o sistema do Conselho Nacional de Justiça e a suposta contribuição dele para uma tentativa de fraudar as urnas eletrônicas.
Edição: Rodrigo Durão Coelho