ACIDENTE AÉREO

Exame de DNA confirma morte de Prigozhin, líder do grupo Wagner: saiba quem era ele e a organização paramilitar que liderava

Comitê investigativo russo diz que material genético encontrado no local do acidente condiz com lista de passageiros

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
Grupo paramilitar de Prigozhin foi acusado pela Rússia de rebelião armada - Reprodução Telegram / AFP

O governo da Rússia afirmou neste domingo (27) ter concluído exames genéticos que confirmam a morte do líder do grupo Wagner, Yevgeny Prigozhin. Ele estava no avião que caiu na região de Tver nesta quarta-feira (23).

O comitê investigativo declarou que o material genético encontrado no local do acidente aéreo condiz com a lista de passageiros da aeronave. Na quarta-feira (23), a Agência Russa de Transporte Aéreo já havia confirmado que Prigozhin estava a bordo do avião que caiu sem deixar sobreviventes. 

O jato executivo da Embraer, de propriedade de Prigozhin, caiu a 180 km de Moscou. Três tripulantes e sete passageiros estavam a bordo da aeronave. O avião ia da capital russa para São Petersburgo. 

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Ao comentar na sexta-feira (25) as declarações de representantes dos países ocidentais que Prigozhin teria sido morto por instruções do Kremlin, o porta-voz do presidente russo, Dmitry Peskov, classificou as "especulações" do do Ocidente como "uma mentira absoluta".

Rússia acusou Prigozhin de rebelião armada

Prigozhin liderou um movimento que batizou de "marcha pela justiça" depois que o exército russo supostamente atingiu suas bases, em 23 de junho deste ano. O Serviço Federal de Segurança da Rússia (FSB) abriu um processo contra Prigozhin acusando-o de rebelião armada.

O grupo Wagner tomou instalações militares na cidade de Rostov e se direcionou para Moscou. O presidente russo, em resposta, implementou uma operação antiterrorista no país e disse que "esmagaria" a rebelião.  

Os ânimos se acalmaram quando a partir de uma mediação feita pelo presidente da Bielorrússia, Alexander Lukashenko, Prigozhin recuou, ordenando que suas tropas "voltassem às bases". Os combatentes já estavam a 200 quilômetros da capital da Rússia.  

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Prigozhin: pequenos crimes, buffet de luxo, aliado de Putin 

Os 62 anos de vida de Yevgueny Prigozhin já dariam um filme mesmo antes dos acontecimentos recentes. Nascido em 1961 em São Petersburgo, quando a cidade ainda se chamava Leningrado, ele foi criado pela mãe, Violetta Prigozhin, o padrasto e a avó. Aos 18 anos foi pego assaltando pela primeira vez e, na segunda, não escapou da prisão, onde viveu por nove anos. 

Solto em 1990, ganhou a vida no ramo dos jogos de azar e dos alimentos. Passou da venda de cachorros-quentes com sua mãe no mercado de pulgas de Aprahaka para gerente da Contrast, a primeira rede de supermercados em São Petesburgo.  

Em 1995 abriu um restaurante, o Old Customs House, e pouco depois outro, o New Island, que flutuava sobre as águas do rio Neva. Os estabelecimentos se tornaram ponto de encontro de importantes políticos do Kremlin. Entre eles, o então prefeito da cidade, Anatoly Sobchak. Dali, contatos e negócios lhe deram ascensão veloz. Prigozhin criou o grupo Concord, que oferece buffets de luxo em eventos institucionais e se tornou muito próximo de Vladimir Putin.  

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O FBI, polícia federal estadunidense, acusa Prigozhin de “conspiração para defraudar os Estados Unidos” por, segundo o órgão, ele ter participado de ações que prejudicaram a atuação do Comitê Federal de Eleições, do Departamento de Justiça e do Departamento de Estado entre 2014 e 2018.  

Grupo Wagner 

Neste mesmo ano de 2014, ele fundou o grupo Wagner, uma companhia militar privada cuja atuação, a serviço do governo russo, seria mantida em sigilo até 2022. A atuação do grupo paramilitar, acusado de muitas vezes fazer o serviço sujo que forças de Estado oficiais teriam menos legitimidade para realizar, começou na Crimeia e na região ucraniana de Donbass. Depois se ampliou para países do Oriente Médio e da África. 

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Depois de anos negando, Prigozhin confirmou ser o fundador do grupo Wagner em setembro do ano passado, depois que viralizou um vídeo em que ele próprio aparece recrutando detentos da prisão russa de Mari El, prometendo anistia em troca de seis meses de serviço. Segundo cálculos da imprensa, seu exército teria entre 25 mil e 50 mil membros. 

Em maio, o grupo Wagner realizou a principal conquista russa este ano na guerra que o país deflagrou contra a Ucrânia. Tomaram a cidade de Bakhmut. Foi neste contexto que as tensões com o Ministério de Defesa da Rússia escalaram.  

Em vídeos públicos, o líder mercenário insultou o exército russo e acusou o ministro da Defesa, Serguei Choigu, de economizar munições, não abastecer os combatentes e não saber conduzir a guerra. 

Edição: Felipe Mendes