De acordo com o primeiro relatório do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) sobre o apagão nacional de 15 de agosto, os geradores de energia elétrica não enviaram as informações corretas sobre o desempenho de seus equipamentos para o ONS. Os dados incorretos, por sua vez, teriam comprometido o planejamento e a operação do sistema.
O ONS é um órgão responsável pelo controle das operações das instalações de geração e transmissão de energia elétrica do Sistema Interligado Nacional (SIN), sob a fiscalização e regulação da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) do Brasil.
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O órgão não especificou quais empresas ou fontes (hidrelétricas, térmicas, eólicas ou solares) teriam fornecido os dados imprecisos, mas, desde o apagão, aumentou a atividade das hidrelétricas para garantir mais estabilidade à geração e transmissão de energia.
Anteriormente, o ONS também havia indicado que os dados incorretos poderiam ter vindo de uma falha na linha de transmissão entre Quixadá e Fortaleza, no Ceará, que faz parte da Companhia Hidroelétrica do São Francisco (Chesf), subsidiária da Eletrobras na região Nordeste. Até o momento, no entanto, não há informações suficientes para confirmar a origem do problema.
"Nas simulações realizadas pelo operador com os parâmetros enviados pelos agentes na entrada em operação das usinas geradoras, os quais compõe a base de dados oficial do ONS, não foi possível reproduzir a perturbação ocorrida no dia 15 de agosto", destacou o texto do ONS.
"Em todos os testes realizados com esses dados, não foi observada redução de tensão que viole os procedimentos de rede, como a que ocorreu após o desligamento da LT 500 kV Quixadá – Fortaleza II", destaca o documento.
Ainda assim, os geradores precisaram reenviar as informações após o apagão. "Somente com as informações recebidas dos agentes após a ocorrência foi possível reproduzir, no ambiente de simulação, a perturbação do dia 15 de agosto", diz o texto.
"A partir dessas novas informações, o ONS realizou uma análise minuciosa da sequência de eventos e testou múltiplos cenários, que apresentaram sinais de que o desempenho dos equipamentos informado pelos agentes ao ONS antes da ocorrência é diferente do desempenho apresentado em campo. Importante destacar que o problema identificado não tem relação direta com o tipo de fonte geradora", afirma o documento.
Em 15 de agosto
No dia 15 de agosto, diversos estados do Brasil foram afetados por um blecaute de grande porte. Após às 8h30 da manhã, relatos de falta de energia começaram a se multiplicar pela internet.
Houve falta de luz em São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Distrito Federal, Mato Grosso do Sul, Bahia, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Paraíba, Maranhão, Pará, Tocantins, Amazonas, Rio Grande do Sul e Santa Catarina.
Em nota divulgada ainda no dia do apagão, o Ministério de Minas e Energia (MME) informou que uma ocorrência na rede de operação do Sistema Interligado Nacional (SIN) interrompeu 16 mil MW de carga em estados do Norte e Nordeste e prejudicou também o Sudeste.
O texto não citou as outras regiões em que os cortes de energia foram registrados pela população. Segundo a pasta, "a interrupção ocorreu devido a abertura, às 8h31, da interligação Norte/Sudeste e as causas da ocorrência ainda estão sendo apuradas."
O ministro Alexandre Silveira determinou a criação de uma sala de situação para acompanhamento do problema e apuração das causas que levaram à interrupção do fornecimento.
Edição: Rodrigo Chagas