A cidade de Alagoa Grande, na Paraíba, “margarideceu" no último fim de semana. O Movimento da Mulher Trabalhadora da Paraíba (MMT-PB) realizou, de 21 a 27 de agosto, a Semana Pedagógica Margarida Maria Alves, na cidade de Alagoa Grande (PB), terra natal da militante Margarida Maria Alves, que dá nome à Marcha das Margaridas, que anualmente reúne, em Brasília, cerca de 100 mil mulheres de todo o país.
O evento na cidade paraibana marcou a comemoração dos 90 anos de nascimento de Margarida Alves, além de lembrar dos 40 anos de impunidade do assassinato da militante, morta por latifundiários na porta de sua casa, em Alagoa Grande, em 12 de agosto de 1983. Margarida foi uma das primeiras mulheres a exercer um cargo de direção sindical no país.
O evento do último fim de semana contou com atividades em escolas da cidade, na Casa Museu Margarida Maria Alves e no Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Alagoa Grande.
“Ser conterrânea de Margarida já me inspira muito. Viver a luta de Margarida me enche de orgulho. Em memória da verdade e da justiça, contra a impunidade do crime que há 40 anos lhe roubou a vida. Margarida vive, através dos nossos corações, através de nossa voz e através do nosso comprometimento com a luta por direitos, dignidade e justiça social”, destacou Joane Brito, organizadora e integrante do MMT.
Com forte participação de professores do município, o evento proporcionou estudo sobre a biografia de Margarida, realizou sarau poético e cultural, levou contação de história para as crianças e exibiu documentários que abordam a história de sua luta, além de ampliar o debate por meio de rodas de conversas.
:: Após 40 anos de seu assassinato, Margarida Maria Alves continua viva na luta das mulheres ::
No sábado (26), a feira pública e o centro da cidade foram tomados pela força do ritmo, cores e ancestralidades das cirandeiras do Quilombo Caiana dos Crioulos. Teve ciranda e coco de roda no coreto da praça. E a noite foi de celebração aos 90 anos de nascimento de Margarida, com apresentação do espetáculo “Margarida Viva”, no Teatro Santa Ignez, e show com a cantora paraibana Renata Arruda.
Integrantes do grupo de Ciranda de Caiana dos Crioulos / Foto: Carla Batista
Já no domingo (27), mulheres e homens do campo, da cidade, de vários movimentos sociais, organizações, associações, sindicatos e representantes políticos marcharam saindo da casa onde morou e morreu Margarida Alves até a Igreja Matriz Nossa Senhora da Boa Viagem, onde foi celebrada missa em sua homenagem.
Momento da Marcha saindo da casa onde morou e morreu Margarida Alves / Carla Batista
Ainda no domingo, uma solenidade contou com apresentação da violeira Soledade em frente ao Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Alagoa Grande.
Soledade Violeira durante homenagem a Margarida Maria Alves / Carla Batista
“Muitas saudades tenho de Margarida. O ato foi mais um dever nosso. E foi maravilhoso. Continuamos com a nossa luta, com o nosso empenho de manter viva essa chama. A lembrança de Margarida sempre. Sua luta foi digna. Em prol dos trabalhadores oprimidos que sofriam, das mulheres, das crianças sem estudo. Uma luta de classe, de respeito, de esperança. Por isso não podemos nos calar diante desse cruel assassinato. Não estávamos comemoramos sua morte. Levamos uma mensagem de paz, respeito e solidariedade em memória a nossa companheira. Sua bandeira não pode ficar jogada num canto de parede. Essa bandeira precisa sempre ter alguém para hasteá-la e pra dizer que Margarida vive em nosso meio. Vibremos essa grande heroína”, exclamou Soledade violeira.
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*Com informações da assessoria do MMT-PB
Fonte: BdF Paraíba
Edição: Polyanna Gomes
