O comércio bilateral entre Colômbia e Venezuela cresceu 19% após a retomada de relações diplomáticas entre os países. Os dados foram divulgados pela Câmara de Integração Econômica Venezuelana Colombiana (Cavecol) nesta segunda-feira (28).
Segundo a entidade, o aumento ocorreu durante o primeiro semestre (janeiro a junho) de 2023 em comparação com o mesmo período do ano passado. As cifras correspondem ao momento de reabertura de fronteiras iniciado pelo presidente colombiano Gustavo Petro, que tomou posse em agosto de 2022.
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Nos seis primeiros meses do ano anterior, quando a Colômbia ainda era governada pelo direitista Iván Duque, o intercâmbio comercial - que leva em conta exportações e importações - entre ambos países foi de US$ 324 milhões.
No entanto, em agosto, logo após a posse de Petro, Bogotá retomou relações diplomáticas com a Venezuela e em setembro os países reabriram suas fronteiras que estavam fechadas desde 2015. O movimento se refletiu na balança comercial, que chegou a US$ 387,5 milhões entre janeiro e junho de 2023.
Ainda segundo a Cavecol, as exportações venezuelanas para a Colômbia foram o indicador que mais cresceu, já que passaram de US$ 39,5 milhões para US$ 81,3 milhões no mesmo período, representando um aumento de 106%.
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No entanto, a balança comercial continua sendo mais favorável à Colômbia, uma constante histórica pelas características importadoras da Venezuela. No primeiro semestre de 2022, o país importou US$ 284 milhões do vizinho, enquanto que no mesmo período de 2023, as importações alcançaram o total de US$ 306 milhões, um aumento de 7,7%.
O aumento das exportações venezuelanas para a Colômbia foi puxado pela categoria de fertilizantes, que representou mais de 60% do total das cargas, totalizando mais de US$ 36 milhões. O setor é considerado estratégico para ambos os países já que a estatal venezuelana Pequiven conseguiu, por decisão do governo Petro, retomar a petroquímica Monómeros que fica localizada em território colombiano e estava desde 2019 controlada pelo chamado "governo interino" de Juan Guaidó.
Relações: problemas e avanços
A retomada de relações entre Colômbia e Venezuela encerrou um ciclo de tensões entre os dois países que foi protagonizada pelo ex-presidente Iván Duque. O direitista foi um dos principais articuladores da estratégia de "pressão máxima" elaborada pelo ex-presidente Donald Trump para retirar Nicolás Maduro do poder.
Durante o governo Duque, a Colômbia serviu de base para tentativas de invasão à Venezuela e país de refúgio para opositores ligados a Guaidó que estão foragidos da Justiça.
O fim da participação colombiana na estratégia de pressão contra Caracas representou não só a possibilidade do aumento do comércio binacional, mas também a existência de um aliado de Maduro contra as sanções impostas por Washington.
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Em abril deste ano, Petro organizou em Bogotá uma cúpula com 20 delegações de outros países, incluindo os EUA, para discutir o fim do bloqueio estadunidense contra a Venezuela. O encontro, no entanto, não rendeu os resultados esperados e os participantes não voltaram a se reunir desde então.
Problemas internos enfrentados pelo governo do presidente colombiano diminuíram a capacidade de mobilização da política externa de Petro para tratar da questão venezuelana. Além disso, a renúncia do ex-embaixador da Colômbia na Venezuela Armando Benedetti travou a mediação de Bogotá nas conversas com Washington. No dia 16 de agosto, o diplomata Milton Rengifo apresentou suas credenciais diplomáticas ao presidente Nicolás Maduro e assumiu como novo embaixador colombiano no país.
Edição: Thales Schmidt