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10 anos depois, Brasil de Fato MG continua necessário a Minas Gerais

Nascido na era tucana, jornal cumpre um importante papel contra a extrema direita no estado

Belo Horizonte (MG) | Brasil de Fato MG |
Jornais da última edição do impresso do Brasil de Fato MG estiveram presente na festa de 10 anos - Foto:@laurapeixotoph

“Quem privatiza bom sujeito não é”, diz a última manchete da edição impressa do Brasil de Fato MG. Declaradamente um defensor dos direitos relacionados à melhoria de vida da classe trabalhadora, o jornal completa, neste mês, dez anos de existência e de funcionamento contínuo no estado.

A trajetória é uma das mais longas se tratando de jornais populares não comerciais. A iniciativa nasceu em 2013 para suprir uma necessidade real no estado, a produção de notícias não atreladas à elite econômica, como aponta Frederico Santana, integrante do conselho editorial do jornal.

“Em 2013, nós realizamos muitas plenárias de movimentos populares em luta contra o neoliberalismo no estado, os governos do PSDB de Aécio Neves e Antonio Anastasia, e sempre a demanda da comunicação vinha com muita força”, lembra.

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“Na ocasião havia uma blindagem dos meios de comunicação sobre as propostas do governo de enxugamento do estado, de privatizações e de retirada de direitos. O Brasil de Fato MG veio como uma necessidade clara de diálogo com a sociedade”, pontua.

Dez anos depois, o cenário parece não ter mudado muito. A mídia mineira continua atrelada aos interesses da elite política, econômica e empresarial do estado, composta por poucas famílias, como avalia a presidenta do Sindicato dos Jornalistas de Minas Gerais, Lina Rocha. Nesse contexto, a mídia popular se torna ainda mais relevante.

“Para cumprir a função prevista na Constituição, que é levantar pautas que são de interesse público, que muitas vezes não são tratadas por veículos de massa. Nas mídias alternativas e livres, a gente pode levantar pautas como o direito do trabalhador, a precarização das formas de trabalho, o sucateamento, a uberização, que é o modelo de trabalho atual”, comenta.

“A gente pode fazer isso de forma a corresponder mais aos anseios da sociedade”, completa Lina.

No Brasil de Fato MG, tanto a escolha de pautas quanto a definição das linhas editoriais são feitas em conjunto com a sociedade organizada. O que garante maior representatividade e é uma das razões da longevidade do veículo, segundo a editora do jornal, Larissa Costa.

Construção coletiva

O Brasil de Fato MG só chegou até aqui por causa das parcerias que a gente construiu ao longo do tempo, sobretudo com os movimentos populares aqui do estado. Desde 2003, há 20 anos, nossa história já passava pela relação com os movimentos populares do campo e da cidade”, recorda.

“Os movimentos estão conosco em todo o processo de produção do nosso conteúdo. A gente tem muito orgulho de ter mantido essa trajetória e de ter construído uma proposta de comunicação que é coletiva na definição das pautas, na linha política e na distribuição”, destaca.

Próximos passos

Apesar de ter saído da era tucana, o estado de Minas Gerais foi impactado pela onda neoliberal e de extrema direita que alcançou espaço em todo o país. O atual governador mineiro, Romeu Zema (Novo), reeleito, traz uma série de políticas alinhadas a interesses nada populares.

Na visão de Frederico Santana, no próximo período, o Brasil de Fato MG continua a ser necessário como uma mídia contra hegemônica, que dá voz aos movimentos populares e sindicais.

“O jornal cumpre um papel importante tanto de denúncias como de anúncio de outras condições possíveis para melhorar a vida do povo”, afirma.

Fonte: BdF Minas Gerais

Edição: Larissa Costa