Famílias do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) se reuniram neste sábado em uma manifestação contra a ameaça de despejo sofrida pela Comuna da Terra Irmã Alberta. Situado em Perus, na cidade de São Paulo, o território é a única área de reforma agrária da capital paulista.
O espaço de cerca de 115 hectares foi ocupado há mais de vinte anos, com articulação da Comissão Pastoral da Terra (CPT) e apoio de Irmã Alberta, ativista histórica homenageada no nome da comuna.
De lá para cá, as famílias passaram a cultivar frutas, verduras e leguminosas para consumo próprio e também como atividade econômica. A terra, que seria destinada para o descarte de lixo dos rios Pinheiros e Tietê, hoje produz mandioca, uva, abacate, entre outras culturas.
Na semana passada, no entanto, a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), proprietária formal do terreno, entrou com ação para recuperar a área. A notificação foi entregue por um oficial de justiça, mas ainda não houve decisão judicial final.
Luciano Carvalho, da coordenação estadual do MST, afirma que o ato marca a primeira movimentação massiva das famílias e o início de uma série mobilizações, "Optamos por fazer primeiro no território e organizar o território, para depois sair. Os próximos passos que vamos viabilizar são as ações de rua. Colocamos agora como objetivo a presença do Grito dos Excluídos", conta.
Carvalho lembra que a luta da comunidade local contra o lixão é antiga. Segundo ele, essa é a sétima tentativa de reintegração de posse da área ocupada pela comuna. "Essa vontade da Sabesp já foi derrotada no passado por nós e pela comunidade do entorno. Essa é uma luta histórica da região".
A manifestação deste sábado contou com um ato ecumênico, uma roda de conversa sobre o processo e uma vigília cultural. Nos últimos dias, representantes da comuna foram recebidos pela Fundação Instituto de Terras do Estado de São Paulo (Itesp) e pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) em busca de uma solução.
Somente neste ano, as famílias que integram a Comuna da Terra Irmã Alberta já produziram mais de 10 toneladas de alimentos no local.
*Com colaboração de Michele de Mello
Edição: Raquel Setz