Ao lado da Avenida Presidente Antônio Carlos, uma das vias mais movimentadas de Belo Horizonte (MG), nasceu uma horta educativa e comunitária. Administrado pelo Centro de Referência de Segurança Alimentar e Nutricional - Cresan Mercado da Lagoinha, o canteiro é parte do curso Trilha da Agroecologia oferecido pela Prefeitura de Belo Horizonte (PBH).
Com o objetivo de formar agentes e multiplicadores em Belo Horizonte e da região metropolitana, o Trilha da Agroecologia acontece desde 2018 e retorna ao seu formato presencial neste ano. A formação é dividida em 12 encontros realizados semestralmente, com inscrição e participação gratuitas.
Pessoas que já trabalham com agricultura e pessoas que estão interessadas no tema são bem-vindas, como explica Clarice Santana da Silva, engenheira agrônoma e coordenadora do Trilha da Agroecologia.
“A gente faz um apanhado geral da temática para quem já é envolvido e também para quem tem curiosidade em trabalhar principalmente com agricultura urbana, que é o nosso contexto em Belo Horizonte”, explica.
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“Vamos contar com a participação de técnicos, mestres e mestras do saber popular que participam e constroem conosco. Um processo de ensino e aprendizagem ativa, com metodologias participativas, em que trabalhamos desde a introdução à agroecologia, manejo de solo, plantas medicinais, sementes crioulas e gestão de resíduos”, completa Clarice.
Apesar de não servir apenas à profissionalização, muitos cursistas acabam seguindo a carreira. Fabrício Ripeto Ribeiro foi aluno da primeira turma do Trilha da Agroecologia, em 2018, e teve aulas com o importante nome da agroecologia do estado e do país, João Portella.
“Eu sempre gostei de plantas, aí vi que tinha o curso e fiz a inscrição. Hoje trabalho com agroecologia, jardinagem e a relação dela com outras questões sociais”, comenta Fabrício. “Transformei a minha visão sobre a vida no solo e os meios urbanos que a gente pode transformar. Igual esse espaço, no meio da Antônio Carlos, que estava ocioso, e produz alimentos saudáveis sem fertilizantes químicos”, completa.
A horta do Cresan, aliás, é exemplo de como a agroecologia não é apenas um modelo de produção, mas uma prática social. Quem cuida dela de forma permanente é seu Valdecir Fernandes da Silva, que há dois anos passou de morador de rua a guardião da horta.
“Eu sou de Montes Claros. Vim para cá e morava na rua. Quando conheci a Aparecida, que conversou com Cresan, e eles me ficharam para trabalhar. Eu faço os canteiros, capino, planto as verduras”, disse seu Valdecir.
Estudando o ciclo
A horta integra ainda projetos de formação infanto-juvenil realizados pelo Cresan Mercado da Lagoinha. Crianças do ensino fundamental são recebidas no Cresan para participar de um circuito de educação que começa na horta, passa pela aula de agroecologia e termina na cozinha, com a preparação de uma pizza de marguerita.
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Em outro circuito, chamado “Do mercado ao prato”, as crianças são recebidas no “mercadinho” do Cresan, onde aprendem sobre rotulagem de alimentos ultraprocessados, passam pela aula agroecológica e terminam na cozinha, completando a aprendizagem do ciclo de produção, consumo e preparo de alimentos.
“De fato, é um circuito onde as crianças entendem todo o processo do alimento, desde a produção, o consumo, a compra, o preparo, e podem ter a dimensão ampla do que é a educação alimentar e nutricional”, explica o coordenador-geral do Cresan, Gabriel Ornelas.
Na cozinha do Cresan acontece também o Trilha da Gastronomia, dessa vez voltada a adultos. Dividido em Trilha da Confeitaria, Trilha da Panificação e Trilha da Comida Mineira, os cursos possuem diversos módulos e visam à formação completa do participante.
O Brasil de Fato MG teve a oportunidade de participar da Trilha de Panificação, em uma aula ministrada pelo professor Sérgio Jado. Além de receitas, os cursistas aprendem técnicas de preparo. É uma aula deliciosa, de fato. Os pães feitos pelos participantes são servidos como café da tarde.
Irene Brito opina que, acima de tudo, o Trilha da Gastronomia “é uma grande festa”. Irene começou aprendendo sobre massas frescas e pulou para a Trilha da Panificação. Seu foco é se aprofundar na fermentação natural.
“Esse curso te dá várias possibilidades. Te atende para se tornar empreendedor, para uma retomada profissional e também para fazer boas receitas para sua família. Eu tenho a pretensão de atuar na área comercial”, comenta. “Mas acima de tudo esse curso é uma grande festa. Eu falo para todo mundo: o Cresan é viciante”, elogia.
Uma longa história
O Mercado da Lagoinha é um dos polos de cultura e tradição de Belo Horizonte. Inaugurado em 1949, o mercado surgiu com a população da Pedreira Prado Lopes e da Vila Senhor dos Passos, como um centro de comercialização de produtos agrícolas, e se tornou referência na cidade.
Em 2022, após passar por uma reforma, o complexo foi reinaugurado, agora como Cresan Mercado da Lagoinha. Além da Trilha da Agroecologia, a Trilha da Gastronomia e as oficinas infantis, o Cresan realiza formação de educadores em Educação Alimentar e Nutricional, o programa Territórios Sustentáveis e possui uma oficina de inclusão digital para o público com mais de 60 anos.
“A gente também tem parcerias”, conta o coordenador do espaço. “Aqui no Mercado da Lagoinha nós temos ações de promoção da saúde: a Academia na Cidade e a Arte na Saúde, e também recebemos atividades artístico-culturais oriundas do Centro Cultural Liberalino Alves. É um conjunto de estratégias, incluindo a dimensão da inclusão social e digital”, finaliza.
Acesse
O Cresan Mercado da Lagoinha fica na Avenida Presidente Antônio Carlos, 821, bairro Lagoinha, Belo Horizonte. As inscrições para os cursos e realização de atividades podem ser feitas pela página do Cresan, clique aqui. Caso prefira entrar em contato por ligação, o telefone é (31) 3277-6085.
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Fonte: BdF Minas Gerais
Edição: Larissa Costa