A Rússia e a Turquia não conseguiram chegar a um consenso sobre a retomada do acordo de grãos durante a reunião entre o presidente russo, Vladimir Putin, e o seu homólogo, Recep Tayyip Erdogan, nesta segunda-feira (4).
Em entrevista coletiva após reunião bilateral na cidade russa de Sochi, Putin reforçou as exigências russas para que o acordo de grãos volte.
"Estaremos prontos para considerar a possibilidade de reviver o acordo de grãos assim que todos os acordos relativos às exportações agrícolas russas forem cumpridos", disse Putin.
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Após o início da guerra na Ucrânia, em 24 de fevereiro de 2022, a exportação de grãos ucranianos a serem escoados pelas rotas do Mar Negro sofreu um bloqueio nos portos marítimos. A assinatura de um acordo mediado por Turquia e a ONU vinha permitindo o desbloqueio do transporte marítimo dos grãos através dos portos de Odessa, Chernomorsk e Yuzhny.
Assinado em julho de 2022, o acordo foi prorrogado várias vezes, incluindo condições apresentadas pela Rússia como a liberação do fornecimento de amônia russa para a Europa através da Ucrânia, bem como a conexão do Rosselkhozbank (Banco Agricultural da Rússia) ao sistema SWIFT, do qual foi desconectado devido às sanções do Ocidente. Em julho, a Rússia anunciou a sua retirada do acordo de grãos afirmando que as condições não estavam sendo cumpridas.
A possibilidade de uma retomada do acordo era uma das pautas centrais da visita do líder turco à Rússia. Durante a coletiva após a reunião entre Putin e Erdogan, o presidente russo reiterou as acusações contra Kiev de supostamente usar os corredores humanitários para ataques terroristas, argumentando que a Rússia fornecia segurança ao longo do corredor de grãos. Segundo o líder russo, o Ocidente enganou a Rússia sobre a natureza humanitária do acordo de grãos.
Ao mesmo tempo, Putin declarou que o lado russo está pronto para reviver o acordo dentro de alguns dias, mas somente se forem cumpridas as suas condições, em particular a remoção das restrições à exportação de produtos agrícolas russos.
Ele também anunciou que a Rússia organizará o fornecimento de um milhão de toneladas de grãos à Turquia para processamento e para o posterior transporte gratuito para os países mais pobres da África. Segundo Putin, o Catar também pode aderir a esta iniciativa.
"Há também a Ucrânia, que tem interesses próprios, todos nós entendemos isso muito bem, temos consciência disso. Portanto, isto não é um substituto, mas é, claro, uma enorme contribuição da nossa parte, uma enorme contribuição da nossa parte para a resolução dos problemas alimentares dos países africanos. Estas são coisas absolutamente óbvias”, disse Putin.
Edição: Thales Schmidt
