O governo da Colômbia e o grupo guerrilheiro ELN anunciaram na tarde desta segunda-feira (4) a realização de ações e dinâmicas de caráter humanitário em zonas afetadas pelo conflito armado.
A decisão é parte de um acordo alcançado entre as partes durante o 4º ciclo de diálogos que ocorreu em Caracas, capital da Venezuela, que começou no dia 14 de agosto e foi encerrado nesta segunda-feira.
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Segundo comunicado conjunto, as ações humanitárias serão realizadas em zonas classificadas como "críticas" pela alta incidências de casos de violência decorrentes do conflito.
"Foi onde ocorreram mais embates contra as comunidades e estamos tentando respeitar um critério que foi imposto nessa mesa [de diálogos] que é: o que se vai acordando, se vai implementando", disse Pablo Beltrán, chefe da delegação do ELN nas negociações.
A escolha das "zonas críticas" também foi fruto dos acordos deste último ciclo de diálogos e abarcarão as regiões de Bajo Calima e San Juan, localizadas no departamento Valle de Cauca, além de Sur de Bolívar, em Bolívar, e no Bajo Cauca, em Antioquia.
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Ainda de acordo com o comunicado conjunto, as ações humanitárias nessas regiões devem incentivar o cumprimento do cessar-fogo de seis meses assinado por ambas as partes e a participação das comunidades na aplicação do processo de paz. No entanto, o governo colombiano a o grupo armado não especificaram quais serão os tipos de "ações e dinâmicas" que serão realizadas.
Além disso, um acordo parcial foi anunciado pelas partes e diz respeito à denominação de prisões que mantém integrantes do ELN reclusos como zonas críticas e, portanto, passíveis das ações humanitárias.
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"Nós queremos propor um avanço para que este ciclo seja o ciclo das pessoas, das pessoas que vivem nos territórios mais afetados pelo abandono e a violências", disse o chefe da delegação do governo, Otty Patiño.
Espera-se que a próxima rodada de negociações ocorra no México, mas a data ainda não foi definida. Além da Venezuela, Chile, Brasil, Cuba, México e Noruega são países garantidores do processo.
Desde o início de seu governo, o presidente Gustavo Petro vem tentando implementar o processo que classifica como "paz total", com pretensões de alcançar acordos de paz com diversos grupos armados no país.
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Apesar de conseguir implementar temporariamente pactos de cessar-fogo com alguns deles, o projeto vem enfrentando obstáculos por conta dos altos níveis de conflitividade no país e também pelas crises internas que o governo vem enfrentando.
Segundo dados do Indepaz (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento e a Paz), 118 líderes sociais já foram assassinados no país desde janeiro de 2023. As mortes estão ligadas a ações de grupos armados nas regiões que afetam representantes das comunidades que buscam defender seus territórios.
Edição: Thales Schmidt