A plataforma Metsul desmentiu nesta quinta-feira (7) o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), depois de o chefe do Executivo estadual afirmar no dia anterior, em programa de TV, que “os modelos matemáticos previram as chuvas, em intensidade, mas não previram o volume de cerca de 300 milímetros nas diversas bacias hidrográficas da zona Norte do estado, da região Noroeste, da região Serrana, do Vale do Taquari”.
Em nota oficial, a empresa de estudos meteorológicos assegurou que “a declaração do governador, infelizmente, não procede”. O Rio Grande do Sul está, desde segunda-feira, contando as vítimas das chuvas e das cheias que deixaram até agora 39 mortos.
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“Advertência de que poderia chover mais de 300 mm”
Após observar que “o momento é de união de esforços” para ajudar as vítimas do desastre climático, a Metsul, contudo, sustentou que “o governador, na sua fala, coloca em xeque o trabalho da Meteorologia e, por efeito, o nosso trabalho”. E passou à argumentação, afirmando que foi “o único ente de previsão do tempo a advertir para a possibilidade de volumes de chuva acima de 300 mm na Metade Norte gaúcha neste começo de setembro”. E prosseguiu: “como em junho, tinha sido o único a alertar para a chuva extrema de 350 mm no Litoral Norte no ciclone”.
Adiante, reparou que, em 31 de agosto, cinco dias antes da catástrofe, publicou alerta com o título: “Setembro começa com chuva extrema, onda de tempestades e enchentes”. Acentuou que o aviso trazia projeção de modelo de 300 mm a 500 mm na Metade Norte “e a nossa advertência de que poderia chover mais de 300 mm”.
“Cenário de precipitação sem precedentes”
No dia seguinte, 1º deste mês, 72 horas antes do desastre, ressaltou que emitiu novo aviso sob o título “Alerta: chuva virá com volumes excepcionais de até 300 mm a 500 mm”. Prosseguindo, dizia que “o cenário de precipitação para estes primeiros dez dias de setembro não tem precedentes nos últimos anos”. Ainda segundo a nota, informava que “os acumulados de precipitação em algumas cidades gaúchas somente durante os primeiros dez dias do mês podem atingir praticamente a média histórica de chuva de toda a primavera”, salientando que “a situação foge ao convencional”.
Acrescentou que “os modelos, assim, anteciparam os volumes de chuva. A gravidade do que se avizinhava já era conhecida muitos dias antes. A ciência meteorológica cumpriu o seu papel”, sublinha. A íntegra da nota pode ser conferida no site da Metsul.
Brasil de Fato RS solicitou à assessoria do governador um comentário sobre a nota da Metsul, mas, até o momento do fechamento desta matéria, ainda não tínhamos nenhum retorno.
Atrito com jornalista na GloboNews
As declarações de Leite criticando as previsões aconteceram no programa Em Pauta, da GloboNews, espaço em que o governador se envolveu em um bate-boca com o jornalista André Trigueiro.
Em resposta, Trigueiro alegou que o mesmo discurso acabaria sendo repetido por outros políticos, mesmo com situações semelhantes se repetindo há anos. Foi interrompido por Leite criticando o que interpretou como “falta de empatia” com o Rio Grande do Sul, relatando o esforço do estado para socorrer as pessoas.
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“Quando ocorre um evento dessa escala, dessa ordem de grandeza de tanta dor e sofrimento, é nosso dever fazer perguntas. É o meu ofício”, contrapôs Trigueiro. (...) E continuou: “Eu falei de cultura de prevenção, que não necessariamente se resolve apertando botão em quatro anos. (...) Não estou culpando ninguém”.
Citou que, há 30 anos, está envolvido com a cobertura de casos similares, como as tragédias de Petrópolis, no Rio, e de Brumadinho, em Minas Gerais.
Leite reclamou que Trigueiro não fizera uma pergunta, mas sim um comentário, algo que poderia ser confirmado “porque estamos na era digital e tem um registro”. Em contrapartida, o jornalista respondeu que o governador não deveria se vitimizar.
Fonte: BdF Rio Grande do Sul
Edição: Katia Marko