violência política

Vereadora Duda Hidalgo é a sétima parlamentar em um mês a receber e-mail com ameaça lesbofóbica

Outras seis vereadoras e deputadas receberam mensagem com o mesmo teor em agosto; caso está em investigação pela PF

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
Duda Hidalgo é vereadora em Ribeiro Preto pelo Partido dos Trabalhadores (PT) - Marco Antonio Cardelino/Alesp

Mais uma parlamentar foi alvo de ameaça de "estupro corretivo" em seu e-mail institucional, na noite do último domingo (10). A vereadora Duda Hidalgo, do PT em Ribeirão Preto, informou que foi ameaçada por meio de suas redes sociais, nesta quarta-feira (13).  

"A presidência da Câmara Municipal de Ribeirão Preto já foi oficiada, e solicitamos escolta e melhorias na segurança do prédio. A minha equipe jurídica já está analisando o caso e vamos entrar com todas as medidas cabíveis para resguardar a nossa segurança assim como levar os criminosos à Justiça", afirmou a parlamentar. 

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Até o momento, também já registraram denúncias a deputada federal Daiana Santos (PCdoB-RS), as deputadas estaduais Rosa Amorim (PT-PE) e Bella Gonçalves (PSOL-MG) e as vereadoras Mônica Benício (PSOL), do Rio de Janeiro, e Iza Lourença e Cida Falabella, ambas do PSOL em Belo Horizonte. Elas receberam as ameaças entre a segunda e a terceira semanas de agosto deste ano.  

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

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Nos e-mails de cunho lesbofóbico, um homem que se identifica como um psicólogo afirma que o estupro corretivo "é uma terapia de eficácia comprovada que cura o homossexualismo feminino porque ser sapatão é uma aberração". O suspeito também sugere ir às casas das parlamentares para fazer "uma demonstração sem compromisso". 

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Coletivamente, as parlamentares acionaram o Ministério da Justiça, que decidiu federalizar o caso e levar o assunto para ser investigado pela Polícia Federal. Em nota, a pasta informou que, em 21 de agosto, o ministro Flávio Dino recebeu, em Belo Horizonte, algumas das parlamentares ameaçadas e encaminhou a documentação com as denúncias à Polícia Federal (PF) para a abertura do inquérito. 

Na visão de Maria do Socorro Sousa Braga, cientista política da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), as ameaças são frutos de um cenário que vem sendo asfaltado ao longo dos últimos anos. As declarações de cunho homofóbico proferidas publicamente por nomes da extrema direita que chegaram a cargos públicos sem punições à altura do que espera a sociedade culminam em um sentimento de legitimação desses discursos.   

"Os grupos conservadores estão tentando reduzir cada vez mais essas forças que conseguiram entrar na esfera política justamente para continuar defendendo a ampliação desses direitos ou mesmo a continuidade de direitos adquiridos ao longo aí desses últimos anos. É um cenário de disputa política em que os setores conservadores estão se utilizando da violência para mitigar esse avanço, ainda que seja um avanço muito pequeno", afirma. 

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No começo de agosto deste ano, por exemplo, o Conselho de Ética da Câmara dos Deputados rejeitou uma denúncia contra o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG), que foi acusado de transfobia. No dia 8 de março, no Dia Internacional de Luta das Mulheres, Nikolas Ferreira colocou uma peruca durante sessão plenária na Câmara dos Deputados e acusou mulheres trans de estarem "tomando" o lugar de mulheres cis.    

"Hoje eu me sinto mulher. Deputada Nicole. As mulheres estão perdendo seu espaço para homens que se sentem mulheres. Para vocês terem ideia do perigo de tudo isso, eles estão querendo colocar a imposição de uma realidade que não é a realidade", disse. "Ou você concorda com o que estão dizendo, ou, caso contrário, você é um transfóbico, um homofóbico e um preconceituoso", disse Nikolas Ferreira na ocasião.    

Edição: Thalita Pires